Minha Inútil Dança Da Chuva Apache

Desarrolho
E emborco a primeira taça de vinho, roxo.
Para que pensamentos roxos chuvisquem
E borrem a folha em branco à minha frente.
E nada acontece.
Nem sinais de nuvens roxas
No meu céu dessa noite.
Sem pânico, penso eu:
Nada que uma segunda taça não comece a resolver,
E desce a segunda.
E cada vez mais estrelas no meu céu,
Que não me servem de nada.
Não sei escrever de estrelas.

Escorrega pelo esôfago a terceira taça,
A quarta, a quinta,
E a última da garrafa já começa a se inclinar em minha boca.
O ar continua seco, deserto de roxos.
Descubro num estalo
(meio que em alarme, meio que sem me importar muito)
Que nunca foi o vinho
A fazer goteirar meus pensamentos.
Não era o vinho
(E relaxo, me rendo na cadeira),
Era a vida...
Da qual não resta mais única taça.

Há uma nova garrafa embaixo da pia,
Que a nada se prestará,
Inútil dança da chuva apache.
Mas o vinho foi o que restou, certo?
Levanto e vou buscá-la.

Postar um comentário

0 Comentários