Boceta de Pandora

Broxar
Ou deixar de erigir e ejacular ideias?
Broxar!!!
Mil vezes um pau mole
(Visão triste de se ver)
Que um cérebro inapetente
(Mantido vivo por aparelhos
Ou pior : pela obrigação
Adubado por sondas
Por esculápios semianalfabetos).

Mil vezes não enovelar pentelho com pentelho
Que não mais desfibrar
A fibra que até o mês passado 
Lá no campo ainda era flor
(desculpem-me o uso mau e calhorda de vossa sensibilidade vernacular, Belchior e Fagner),
Que não pentear, alinhar
Tingir o pensamento
E urdi-lo em fila indiana
Em formação militar
Em tapetes de Bagdá;
Com sorte, voadores.

A grande desgraça
A grande desdita
É termos sempre acesso
 - Irrestrito -
À indagação
À bifurcação
E nunca
- Peremptoriamente nunca -
À escolha da resposta
A definir nossa predileção por esse ou por aquele mal :
Dos males, os males.
Toda a coleção de papiros,
De insetos empalados em alfinetes
Da boceta de Pandora.

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2 Comentários

  1. Que papo de broxa é esse, meu amigo!!! Rsrsrs Mas eu concordo com vc. Texto brilhante.
    "J"

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  2. Esqueci de dizer, vc é o mestre dos títulos. Muito boa a escolha.
    "J"

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