Ai, Meu Deus, Que Saudade da Zefa... Aquilo Sim é Que Era Mulher

Deu na coluna social do Blogson Crusoe, o J.B. do Jotabê, o eremita e único habitante do planeta da Solidão Ampliada, uma espécie de Pequeno Príncipe da blogosfera. 

Conta-nos, Jotabê, que, nessa hebdomada, ele e sua esposa completaram 49 anos de casório; 55 de relacionamento, a se contar o tempo de namoro.
Data e marca dignas dos mais altos louvores; ao menos, por parte daqueles que ainda acreditam na instituição do casamento e nela se arriscaram.

Jotabê narra como o casal se conheceu, os percalços enfrentados, fala dos filhos etc. E conclui :

"E como acontece com todos os casais, nesse tempo todo eu e ela tivemos várias brigas e desentendimentos, motivados muitas vezes por bobagens irrelevantes ou motivos mais sérios. Eu a decepcionei e magoei, ela me irritou, mas nada disso importa, porque ela sempre esteve ao meu lado, apoiando-me ou consolando-me quando eu mais precisei".

Sempre esteve ao meu lado...
Filho da puta de nascença que sou, sem que minha mãe tenha qualquer culpa ou responsabilidade por isso, lembrei-me, na hora, de uma piada. Ou melhor, de um "causo" contado pelo saudoso Rolando Boldrin.

"O caipira, o matuto, estava em seu leito de morte, em seus últimos estertores, com a alma já encomendada e embalada para ser despachada. Ao seu lado, Zefa, fiel esposa e escudeira da vida inteira.
- É, Zefa, agora num tem mais jeito não, tô ino memo. 
- 'Cê vai descansá, meu véio. 
- Pensando aqui na vida, ocê teve sempre do meu lado, Zefa. 
- Verdade, meu véio. 
- Lembra, Zefa? Um tiquinho dispiois que nós se casô, minha mãe morreu do coração. Como eu sofri, Zefa... E ocê tava ali, Zefa, sempre do meu lado.
- Sempre do seu lado, véio. 
- Aí dispois, que nóis já tinha feito nossa casinha, botado lá umas criação, prantado uma rocinha, veio aquele aguaceiro, aquela enchente e levô nossa casa e tudo as criação, num sobrô uma galinha, um porquim. E ocê tava ali, Zefa, firme e sempre do meu lado.
- Sempre do seu lado, véio. 
- Aí nóis lutemo, arribemo de novo e veio aquela seca braba... não coiemo um grãozim de feijão e de mio naquele ano, perdemo tudo. E ocê tava ali, Zefa, sempre do meu lado. 
- Sempre, véio, sempre do teu lado.
- Ói, Zefa, pensano bem agora, ocê me deu foi um azar disgramado nessa vida!"

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3 Comentários

  1. Grande Marretão! Obrigado pela deferência! Pensei que você iria contar aquela história do sujeito que morreu depois de mais de 20 anos de casamento. Pouco tempo depois a esposa morreu também. Um belo dia os dois se encontram no céu e a esposa exclama toda feliz:
    - Querido! Que bom reencontrar você!
    O marido responde:
    - Não vem não! O trato foi até que a morte nos separe. Então vaza!

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