Ruim e Cara. Mas Estava em Promoção.

Não gosto da cerveja Skol. Nunca gostei. Desde os ocasos da década de 80 e arrebóis da de 90 (meus primeiros contatos com cerveja), quando nem havia todo esse sortimento de marcas nacionais e importadas, comerciais e artesanais, quando o nicho cervejeiro era dominado pelo triunvirato Antarctica, Brahma e Skol, com uma tímida e incipiente Kaiser a despontar na figura do Baixinho, nunca gostei da Skol.
Desgraçadamente, porém, em um quesito, devo admitir, a Skol era muito superior às demais. Na carbonatação? Nas notas de lúpulo? No amargor na medida certa? Na relação custo-benefício? Porra nenhuma. Na propaganda. No marketing. A Skol sempre teve as peças publicitárias mais criativas. E as loiras mais peitudas e apetitosas. 
Daí, o domínio da marca estava instalado. O cara via a loira gostosa com a garrafa de Skol na mão e, em seu raciocínio com a cabeça do pau, inferia ser a cerveja tão gostosa quanto. E a maioria sempre engoliu o engodo da propaganda da Skol, a isca de buceta. 
Eu, não. Eu nunca caí nessa esparrela. Se vejo uma loira peituda com um copo de cerveja na mão, seja de que marca, for, fico com vontade é de comer a loira, não de tomar a cerveja dela. Ou, pelo menos, assim o era quando eu tinha, como diria o Fábio Jr., os meus vinte e poucos anos; hoje... depende muito do dia...
Mas quem sou eu e o que posso contra o resto do mundo? Na época, em todos os poucos lugares a que eu ia, lá estava a Skol. Festas da faculdade? Skol. Churrascos e reuniões de família? Skol. Buteco com amigos? Skol.
Nunca gostei da Skol. Sempre me pareceu água de cozimento de milho. Não obstante, pelos motivos supracitados, já tomei muita Skol. Parafraseando o gaúcho da piada ("buceta, eu como de qualquer jeito, tchê"), cerveja, eu tomo de qualquer jeito, qualquer uma, em qualquer temperatura.
Então, ontem, a fazer a minha ronda habitual à procura de ofertas pelas prateleiras do mercado, dei com ela : Skol Hops, a puro malte da Skol. Já a vira antes, mas dada à aversão que tenho pela marca, aliada ao preço acima de 3 reais a latinha, nunca me engraçara pro lado dela. 
Ontem, porém, o mercado lançou a isca certa para me pegar. Uma promotora cavalona, loira e peituda da Skol a oferecer degustação nos corredores do mercado? Não. Uma promoção. Uma oferta. Um preço bem mais baixo que o normal da marca : R$ 1,79. Preço de Subzero, de Bavária, de Kaiser, de Crystal. Resolvi pagar (pouco) para ver. Comprei quatro latas da tal puro malte da Skol.
Pu-la a mais gelar. Deitei-a ao meu poderoso canecão. A espuma não se manteve nem por 30 segundos. A cor, igual a da Skol comum, um amarelo palha seco e desbotado, lembrando muito o cabelo da minha irmã. Cheirei-a. O aroma era bom, confesso, surpreendeu-me. Um cheiro de mato; herbal, como diriam os viadinhos degustadores. Um pouco de capim-limão e capim-cidreira, acredito. Bebi. E me arrependi do preço pago. Pelo mesmo preço, eu poderia estar a tomar uma Bavária, e por dez centavos a menos por lata, uma Crystal. 
A mesma água de milho de sempre, a tal Skol Hops. E de puro malte nem sinal! Brahma Extra Lager, Bavária Premium, Itaipava Premium, Império, 1500, Proibida Puro Malte, Cacildis e Serra Malte (a minha preferida) dão de dez a zero na porra da Hops. Pegaram a Skol comum e jogaram um pouco de perfume, umas essenciazinhas. Pra piorar, conseguiram deixá-la mais aguada ainda, só 4% de teor alcoólico, contra os 5,5% costumeiros de uma puro malte.
Avaliação final do Azarão : cerveja para mulheres belas, recatadas e do lar e para viadinhos degustadores de pregas gourmet.
Eis a fraude da puro malte da Skol. E o canecão - forte, vidro grosso, pesado, de larga empunhadura, 590 ml de capacidade - é minha mais recente aquisição. Comprei-o à loja Sodimac, por R$ 10,90. Uma pechincha. Bom e barato. O canecão, que fique bem claro.

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