Dom Odair José de La Mancha

O que torna um artista em um clássico é o imperecível de sua obra, o caráter atemporal das questões humanas por ele abordadas. 
Um clássico, como poderiam pensar (tendo eu a benevolência de supor-lhes tal capacidade) os jovens da catatônica geração smartphone e os adultos e velhos sem um pingo de vergonha na cara que aderiram à estrovenga, não é algo apenas antigo, velho e empoeirado, cheirando a tumbas, mausoléus e bibliotecas, embora duvide que a maioria deles saiba o que seja, ou tenha adentrado em uma biblioteca.
Antes pelo contrário; um clássico, não importa o quando de sua concepção, sempre fulgura e recende a novo, a inédito. É uma foto que não amarela. Que, ao longo do tempo, segue a retratar fidedignamente a indigna, imutável e patética natureza humana.
Para se consolidar em um autêntico clássico, no entanto, não lhe basta o sempterno de seu objeto, há de se juntar a ele, também, a universalidade do mesmo. O clássico não é tão-somente uma obra não datada, é uma obra que também não tem nacionalidade, credo ou classe social, cujo entendimento não se altera com as coordenadas geográficas.
A origem da vida? A imortalidade da alma? A angústia, o nada e o sentido da vida? Porra nenhuma! Que tudo isto são choramingos de filósofos alemães e dinamarqueses mimados, com a vida ganha, meros esperneios de rebeldes sem causa.
Qual a grande e verdadeira angústia humana? A cornagem, meus caros. O chifre é o eterno e irremovível aperto e tormento da alma humana. Há tempos, em um muro pelo qual eu passava a caminho de casa, uma pichação de um anônimo filósofo urbano bem resumia a inevitabilidade dessa miséria humana; dizia a pichação : O Problema é a Buceta!
E acerca desse tema tão aflitivo ao ser humano, ninguém é mais clássico que Odair José. O Cervantes dos cabarés e casas de tolerância. Dom Odair José de La Mancha. O menestrel da triste figura da Praça Tiradentes.
A prova da universalidade do bardo, a mostrar que o que acontecia na década de 1970 num zonão brasileiro pode muito bem acontecer - e acontece - em qualquer tempo, longitude e latitude, é o que se deu com Brian Smith, adolescente americano do estado de Nova York.
Vencedor de uma promoção da empresa Good Girls Company, o adolescente ganhou o direito de participar de uma orgia em uma ilha particular conhecida por Sex Island, em águas caribenhas, Trinidad e Tobago. A orgia, regada a buceta, drogas e rock'n'roll, durou três ininterruptos dias e noites, e mudou a vida do americano.
Ao voltar da orgia para o seu lar, comunicou aos pais que se apaixonara por uma das putas com quem passou os dias (cada sorteado na promoção tinha direito a escolher duas putas) e que pretende se casar com ela : "Foi incrível, tão maravilhoso que quero chorar só de lembrar. Fiz sexo pela primeira vez, bebi álcool pela primeira vez, usei droga pela primeira vez. Uma das minhas era chamada Andrea, e eu me apaixonei por ela. Eu quero me casar com ela. Ela disse que quer vir morar comigo nos EUA. Tenho o contato dela. Espero vê-la em breve".
Pããããããta que o pariu!!!! O rapaz tomou um verdadeiro chá de buceta! Gamou na puta! Mais Eu Vou Tirar Você Desse Lugar, impossível. Abaixo, a foto do felizardo, vibrando de paixão; atrás dele, suponho, o orgulhoso pai, o futuro sogro da puta.

Eu Vou Tirar Você Desse Lugar
(Odair José)
Olha, a primeira vez que eu estive aqui
Foi só pra me distrair
Eu vim em busca do amor

Olha, foi então que eu lhe conheci
Naquela noite fria
Em seus braços, meus problemas esqueci

Olha, a segunda vez que eu estive aqui
Já não foi pra distrair
Eu senti saudades de você

Olha, eu precisei do seu carinho
Pois eu me sentia tão sozinho
E já não podia mais lhe esquecer

Eu vou tirar você desse lugar
Eu vou levar você pra ficar comigo
E não me interessa o que os outros vão pensar
Eu sei que você tem medo de não dar certo
Pensa que o passado vai estar sempre perto
E que um dia eu posso me arrepender

Eu quero que você não pense em nada triste
Pois quando o amor existe
Não existe tempo pra sofrer

Eu vou tirar você desse lugar
Eu vou levar você pra ficar comigo
E não me interessa o que os outros vão pensar.


Para ouvir, é só clicar aqui, no meu poderoso MARRETÃO

Postar um comentário

0 Comentários