Vou-me Embora Pra Jacarta

Reitero o que disse aqui há uns dias : no Brasil, há uma grande consciência de classe entre os criminosos, um corporativismo entre os canalhas de fazer inveja ao Conselho Regional de Medicina. Não é por menos que as leis do país favorecem o criminoso em detrimento do cidadão honesto : são feitas por bandidos que tiveram maior êxito em suas carreiras, e, uma vez no poder, não deixam desamparados os seus pares. Não é por menos que o PT começou seu quarto mandato consecutivo - e sabe-se lá mais quantos virão - na Presidência da República. E não são apenas os goverantes que, repito, por motivos classistas e sindicais, se solidarizam com o vagabundo : o Brasil, o brasileiro de forma geral, tem grande afeição pelo bandido, apieda-se do canalha como mãe permissiva que cede ao choro do filho, muitas vezes fingido. Talvez nossa origem de degredados, talvez uma simpatia atávica.
Não foi por menos que Dilma Rousseff  tentou tirar da reta o cu de Marco Archer Cardoso Moreira - esforçou-se pra caralho, muito mais do que se esforça para resolver os entraves da nação -, não foi por menos que tentou interceder junto ao governo indonésio e anular a sentença de pena de morte dada ao brasileiro, por tráfico de drogas. Que, na Indonésia, não tem conversa mole com vagabundo, não, é pelotão de fuzilamento e o traste é eliminado da sociedade, nunca mais alguém terá que se preocupar com ele, nem será prejudicado por. Na Indonésia, só a clemência, só o perdão presidencial pode anular uma sentença de pena de morte decretada pela justiça.
Dilma conseguiu falar com o presidente da Indonésia, Joko Widodo, hoje pela manhã e jogou pra cima dele o seu papo-furado, o seu 171 de guerrilheira arrependida, mas não teve jeito : Marco Archer Cardoso Moreira será executado à 0 h de domingo, 18 de janeiro, horário oficial de Jacarta. Há ainda outro brasileiro condenado à morte na Indonésia, Rodrigo Muxfeldt Goulart, também por tráfico de drogas; Dilma igualmente tenta interceder por ele.
Dilma disse a Widodo "ter consciência da gravidade dos crimes cometidos pelos brasileiros", ressaltou que a justiça brasileira não comporta a pena de morte e que seu pedido pessoal "expressava o sentimento da sociedade brasileira". Da sociedade brasileira, qual, cara-pálida? Eu quero mais que os dois sejam eliminados, em proteção e favorecimento às milhares de vidas que as drogas por eles traficadas poderiam ter destruído.
E daí que a justiça brasileira não prevê a pena de morte? E o que é que eu tenho com isso?, deveria ter dito Widodo à guerrilheira do Planalto Central. Aliás, se eu sou o Widodo, nem teria atendido ao telefone. O crime foi cometido em terras indonésias, onde a punição é a pena de morte, e ponto final, PT saudações.
Marco Archer Cardoso Moreira foi pego no aeroporto de Jacarta com 13,4 kg de cocaína na bagagem (ainda hoje uma das maiores apreensões de droga no país), grampeado pelos homens da lei e está enjaulado desde 2004. Marco se "justifica" alegando que o dinheiro obtido com a venda da droga seria destinado a pagar pelo tratamento hospitalar recebido na vizinha Cingapura, onde ficou internado em decorrência de uma queda de parapente. Para quem não conhece, parapente é aquele merda que não decidiu se é uma asa-delta ou um paraquedas. Sem dinheiro para arcar com os custos médicos, Marco viajou para o Peru, adquiriu a pasta da droga e voltou ao Sudeste Asiático para comercializá-la. Quer dizer que dinheiro pra pagar o hospital, não tinha, mas para viajar para o Peru e comprar a droga, sim? Marco só se esqueceu de um detalhe : não estava no Brasil, mas sim na Indonésia! A confusão do carioca, instrutor de asa-delta, garoto esperto, deve ter se dado por causa do fuso horário, jet lag, essas coisas.
Dilma foi mais longe em seu descaramento, disse "respeitar a soberania da Indonésia e do seu sistema judiciário, mas como Chefe de Estado e como mãe, fazia esse apelo por razões eminentemente humanitárias". Pãããããta que o pariu, agora até eu quase fiquei emocionado; mas Widodo, não. Será que Dilma chorou ao telefone durante a conversa com Widodo, feito na solenidade de entrega do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, será que também derramou lágrimas de crocodilma pelos brasileiros condenados à morte? É muito descaramento! É muita safadeza!
Widodo até que foi muito educado e polido em sua resposta. Em nota oficial, disse que compreendia a preocupação da "presidenta", mas que nada podia fazer, pois todos os trâmites jurídicos foram seguidos segundo a lei indonésia e os brasileiros tiveram garantido o devido processo legal. Na verdade, Widodo pode sim fazer alguma coisa - sua clemência é a única maneira de anular a execução -, e a fará : mandará Marco Archer Cardoso Moreira para o pelotão de fuzilamento. E tá certo, ele.
É vergonhoso se valer de todo o aparelho diplomático do país para interceder por um vagabundo, por um traficante. Mas vergonha, principalmente na cara, é algo que Dilma e os do PT desconhecem o que seja. Intervenção na soberania de outra nação é ação muito séria, só admitida em casos de extremas importância e necessidade da nação que faz o pedido; necessidade da nação, não da necessidade pessoal de um traficante. Dilma a usa como quem liga para a comadre a pedir uma receita de bolo, como quem faz seus conchavos e suas falcatruas políticas por aqui.
Pedir que o presidente de uma nação vá contra uma decisão da justiça de seu país é algo muito complicado, praticamente inadmissível, e deixa a nação querelante sujeita a uma série de implicações. Se Dilma pede e é atendida, fica devendo favor, e o credor pedirá favores tão ou mais constrangedores que o concedido; ao interceder em assuntos internos de outro país, ficará sujeita a que outros países se sintam à vontade para também aqui interceder; se Dilma intercede e o indonésio recusa o pedido, como de fato recusou, a imagem dela ficará enfraquecida dentro e fora do país; por fim, um estrangeiro ser perdoado de um crime do qual um cidadão indonésio não seria, garante uma boa queda na popularidade presidencial, um entrave para as próximas eleições.
E, repito, Dilma expõe o Brasil ao ridículo, à vergonha diplomática mundial, por um safado, por um criminoso. Há ou não há um forte e arraigado corporativismo em questão?
Dilma levou adiante seu descaramento, sua cara de pau, e fechou a questão com chave de ouro, disse que "não houve sensibilidade, por parte do governo indonésio, para o pedido de clemência do governo brasileiro. Vamos esperar que um milagre possa reverter essa situação".
Será que a clemência a que se refere Dilma é a mesma demonstrada por ela em seus tempos de guerrilha, quando seus planos e as ações dos grupos subversivos dos quais fazia parte vitimaram dezenas de inocentes? Dilma diz que pediu clemência "como chefe de estado e como mãe". Será que com a mesma pungência das mães que tiveram seus filhos mortos por Dilma e seus asseclas, em suas ações de assaltos a banco, sequestro e roubo de armas?
Não vai ter jeito. Marco Archer Cardoso Moreira irá mesmo para a paredão. Serão 12 atiradores disparando suas armas simultaneamente, mas apenas duas estarão carregadas com munição verdadeira, para que ninguém saiba o autor do tiro fatal.
Que o capeta o tenha!!!

Postar um comentário

0 Comentários