Romário, o Basquiat do Futevôlei

O tetracampeão mundial Romário, em minha mais que leiga opinião sobre o assunto, foi um dos últimos legítimos futebolistas do país. Romário era o autêntico craque brasileiro, daqueles que nasciam e passavam pela forja dos campinhos de pelada das periferias, daqueles que jogavam descalços, que disputavam o campeonato dos com camisa versus os sem camisa, e não feito essa molecada metrossexual de hoje, saída de escolinhas de futebol - só está faltando criarem o futebol universitário -, que nascem e os pais nem vão atrás de padrinhos, já contratam logo um empresário.
Romário era craque (e macho) das antigas : cuspia no campo, coçava o saco, fugia da concentração para cair na esbórnia, era o maior comedor da paróquia - o é até hoje, aos 48 anos está a traçar uma gringa de 19 aninhos -, e o rei absoluto da grande área, da "banheira", do oportunismo.
Fora todos esses talentos listados, Romário também é dotado de outra notável aptidão, insuspeitada até então : a se considerar arte muito do lixo que hoje preenche as galerias e as vernissages (viadíssimo), Romário é um puta dum artista plástico, um Andy Warhol dos trópicos, um Basquiat do futevôlei.
O Baixinho, tempos atrás, deu-nos grande mostra de seu vanguardista talento, apenas não o percebemos, não lhe reconhecemos os méritos artísticos.
Dono de uma casa noturna à época, Romário pintou, na porta de um dos banheiros masculinos do estabelecimento, a figura folclórica do ex-técnico Zagallo : sentado ao vaso sanitário, calças arriadas até os tornozelos, soltando um barrão. A obra de Zagallo a obrar causou o maior quiproquó pro lado do Baixinho, rolou processo e coisa e tal.
E não é que agora, a se inspirar na genialidade de Romário, tenho certeza, a artista plástica italiana Cristina Guggeri criou uma série de fotos em que coloca  ilustres figuras mundiais na mesma vexatória situação que Zagallo, ou seja, no trono?
Aí estão o Dalai Lama, o Obama, o Papa Francisco e a Rainha Elisabeth. As imagens foram manipuladas com ajuda do Photoshop, tendo como base expressões consagradas das personalidades retratadas. Pois é, manipulação digital, hoje, é considerada "arte". E o Michelângelo lá, pendurado por sei lá quantos anos num andaime, de cabeça pra baixo, a ornar com afrescos o teto da Capela Sistina, doido pra desempoleirar e ir tomar uma canjebrina, e o Papa de olho nele, olhos vigilantes, olhos inquisidores (literalmente), a supervisionar a obra.
Nem o Imperador romano Silvio Berlusconi nem o cossaco Vladimir Putin escaparam de Cristina Guggeri.
Mas mestre é mestre! Por mais discípulos, imitadores e seguidores que um mestre das artes possa ter, o seu trabalho, o original, continua insuperável, imortal. Photoshop, computação gráfica, a puta que o pariu, nada disso vale porra nenhuma : o pincel visionário de Romário continua inexcedível, e sua obra, eterna.
Demos, pois, a Romário o que é de Romário : o cara é um expoente à enésima potência das artes! O Baixinho sempre foi um incompreendido, primeiro no futebol, depois, e até hoje, em suas polêmicas e verdadeiras declarações à imprensa, e, agora, em sua arte; como incompreendidos sempre são os grandes gênios, os à frente de seu tempo.

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