Perereca Assobiadora

Confesso : não chego a ser um especialista no assunto. Longe disso, aliás. Devido a uma timidez congênita, demorei em iniciar os meus estudos acerca da taxonomia dos anfíbios anuros, as pererecas em especial. Mas também, por outro lado, não sou um total desconhecedor de tal ordem zoológica, não sou um completo apedeuta.
Já observei, experimentei, dissequei, descrevi e classifiquei diversas espécies e subespécies de pererecas ao longo de minha vida acadêmica, por assim dizer.
Hoje, porém, tomei notícia de uma espécie nunca dantes vista por mim, sequer imaginada, a perereca-assobiadora (Eletheurodactylus johnstonei). Pãããta que o pariu!!! Uma perereca que assobia. Será que ela junta os lábios e faz biquinho? Com uma dessa, realmente, nunca topei de frente, nem de costas, ou de lado.
Em minhas árduas pesquisas de campo, em minhas andanças científicas por lagoas, brejos, pântanos e outros terrenos viscosos e escorregadios, a espécie mais comumente encontrada sempre foi a perereca-bate-palminha-bate (Xavasccus aplaudydoran).
E, acreditem, meninos, fui muito aplaudido em meus bons tempos. Não vou dizer que eu tenha sido assim ovacionado, aquela coisa do teatro inteiro me aclamar de pé e pedir bis, mas que já fui bem aplaudido, fui. Mas perereca-assobiadora? Nunca vi, tampouco ouvi dizer dela por pesquisadores mais experientes.
Mesmo sem um elemento empírico em que me apoiar, acredito que travar contato com uma perereca-assobiadora deva ser uma experiência interessante, gratificante e engrandecedora. E muito boa para dar uma inflada no ego.
Explico : não vou dizer dormir a noite inteira com uma perereca-assobiadora, o que deve ser terrível, insuportável. Mas que seria o máximo se a perereca-assobiadora, quando tirássemos a roupa e exibíssemos nossas armas em riste, prontas para o embate,  nos olhasse e assobiasse, nos fizesse um fiu-fiu, isso lá seria. Uma perereca que assobia coió para a cobra. Seria a glória!!!
A perereca-assobiadora, originária das Antilhas, está a se tornar, a exemplo do caramujo africano, em uma praga, uma bioinvasora de praças, parques e jardins de alguns bairros da capital paulista, perturbando o sono dos moradores e competindo por alimento e espaço com a fauna nativa; provavelmente foram trazidas para cá por algum bicho grilo criador de animais exóticos, algum desses ecologistas de merda, que, desatento, não notou a fuga das pererecas que estavam presas na gaiola, ou, cansado da novidade, resolveu soltá-las por conta própria no ambiente.

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