O Azarão é Unplugged. Ontem, Hoje e Sempre.

No ramo fonográfico, unplugged é o selo que caracteriza a obra gravada sem o acompanhamento de nenhum instrumento elétrico. Daí, unplugged, desligado, desconectado e até mesmo desplugado, uma vez que, desgraçadamente, os dicionários atuais já aceitam o verbo plugar, mais um anglicismo deplorável e nojento, mas enfim...
No Brasil, o tal do disco unplugged é conhecido como Acústico. Basicamente, o tal disco acústico é aquele que o cantor, ou banda, grava quando fica velho, quando chega à meia idade e não consegue mais ficar correndo, berrando e rebolando pelo palco durante duas horas. Aí, o cara se sai com esse ardil, com essa patifaria, põe um terninho, mune-se de um violão e um banquinho, diz que está numa fase mais intimista e contemplativa e grava o acústico com os maiores sucessos de sua juventude. Intimista é o caralho. O cara tá é um caco, tá dobrando o cabo da Boa Esperança, por isso se senta e aprende até a dedilhar um violão. Se o cara ainda aguentasse, mandaria o acústico à merda. Alguém já viu algum Mick Jagger acústico, por exemplo?
Subterfúgios à parte, que o mundo do showbizz só deles é feito, sempre me agradou muito mais o som "acústico" que o elétrico. E isso desde sempre, desde de a minha adolescência, quando comecei a me interessar por música. Sempre fui um unplugged, um desplugado. E minha desconectividade nunca se limitou ao universo musical, sempre se estendeu para todos os setores de minha vida. Nunca fui "ligado" em modismos, sempre estive - como hoje ainda estou - por fora das novidades do mundo.
Sou um unplugged!!! Nunca me senti mal com isso, nunca me senti excluído, discriminado ou constrangido pelo bloco dos contentes. E se fui, nunca percebi. Meu desprezo pela maioria - pelos seus gostos pré-fabricados e suas preferências de estação - sempre foi muito maior que o dela por mim, simplesmente não vejo a manada, não a percebo.
Sempre fui um unplugged!!! E, depois do que li ontem, meu orgulho em ser um desconectado cresceu ainda mais. E explico.
Li, no blog Page not found, que a obra do artista Paul McCarthy (não confundir com o Beatle) a representar uma árvore de Natal conceitual (puta viadagem, isso de conceitual), exposta nas ruas de Paris, causou revolta na população e, por conseguinte, foi depredada, destruída. Estourada, uma vez que era uma "escultura inflável".
O motivo : a árvore conceitual lembrou algo muito mais concreto à população parisiense. Seu formato e aspecto bateu fundo no inconsciente coletivo e hipócrita. Confundiram-na com um plug anal. Sim, um plug anal. Pããããããta que o pariu!!!!
Nesse ponto da reportagem, eu tive que parar e pesquisar o que era o dito plug anal. Será que hoje se recarrega até o cu? As pregas? Aparece lá um aviso pro viado : a bateria do seu cu está com 28% do total. Recarregue-a ou considere a troca da bateria.
Não era nada disso. Era quase pior. Plug anal é um brinquedo erótico indicado, segundo informações dos sites em que entrei, para uma "confortável e prazerosa" iniciação ao sexo anal. A grosso modo, é um consolo pequeno, com tamanho padrão entre 5 e 7 cm. A resumir e a esclarecer, o plug anal é a solução pro viadinho que morre de vontade de dar pro Kid Bengala, mas tem medo de não aguentar a bronca; aí, ele começa aos poucos, vai enfiando um plug de 5 cm, depois um de 7 cm e assim por diante.
Ou seja, o plug anal é uma espécie de tira-gosto, um petisquinho para a rosca faminta da bichinha temerosa.
Os plugs anais tem o formato de chama de vela e se apóiam em uma base redonda, um tipo de tampão, para impedir que o plug seja tragado para as profundezas do buraco negro da boiolagem. Exatamente igual à arvore de Natal conceitual. Não é à toa que dizem que os artistas são almas sensíveis, sempre conectados ao seu tempo.
Apesar da rejeição à obra, a ideia do plug anal, o "conceito embutido" (bem embutido) na instalação, ficou no inconsciente dos parisienses, feito música ruim que não desgruda da cabeça : as vendas de plugs anais aumentaram vertiginosamente.
"Nós vendíamos cerca de 50 por mês", disse Richard Fhal, vendedor de artigos eróticos em Paris, ao site "The Local". "Desde a polêmica, passamos a vender mil", acrescentou. 
Segundo Richard, o perfil dos clientes também mudou. Antes de McCarthy, os compradores do plug eram basicamente gays. Agora, o público se expandiu e o produto está agradando a heterossexuais masculinos e femininos.
É todo mundo querendo ficar plugado a seu tempo!!! E que se fodam as pregas.
Mas pra cima de mim, não, violão. Que o Azarão não curte essas vanguardas, essas "artes conceituais". O Azarão é jurássico. Sou do tempo do lampião a gás, a querosene. Sou pré-Benjamim Franklin. Aqui, ninguém conecta nenhum cabo. Muito menos fio terra. Já me basta o dedo do urologista. Pããããta que o pariu!!!

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2 Comentários

  1. Rapaz...uma verdadeira aula sobre plug anal! E depois não venha me reclamar sobre o aumento do público gay e ex-boiolas no seu Marreta.

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    1. Rapaz, não me venha com essa, não, que eu sei que você é um cara em constante atualização, que não se acomoda, que se informa sobre os mais recentes avanços, está sempre em sintonia com as novas tendências. Um cara plugado, enfim.

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