Pequeno Conto Noturno (45)

- Boa noite, Rubens - Lena.
- Boa noite, Lena - Rubens.
Beijaram-se. Um beijo fordista.
Adormeceram.
Cada qual em seu canto da cama. Em seu particular universo onírico.
O pau de Rubens cheirando à agonia temporariamente aplacada de Lena; a buceta de Lena cheirando às inquietudes inextinguíveis de Rubens. O hálito de Rubens sabendo aos poços viscosos de Lena; o hálito de Lena sabendo às erupções gosmentas de Rubens.
Dormiram as mesmas poucas e insuficientes horas de sempre. Rubens levantou-se as muitas vezes de costume no decorrer da madrugada.
Acordaram. Rubens, antes do despertador; Lena, despertada por Rubens. 
Deglutiram o mesmo café, talvez amargo, talvez ralo, talvez intragável, talvez com gosto de barata; deglutiram o café como parte da agenda do dia.
- Fim de semana que vem? - Lena.
- Fim de semana que vem - Rubens.
- Cerveja, vodka ou rum? - Lena
- Rum. E cu, que já faz tempo que não - Rubens.
- Vai esperando... - Lena.
Despediram-se.
- Bom dia, Rubens - Lena.
- Se tivermos sorte... - Rubens
Beijaram-se. Um beijo fordista.

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