Calendário Fúnebre-Erótico Revolta a Igreja Católica Polonesa

A empresa Lindner, a gigante polonesa do ramo dos paletós de madeira, tem a tradição de aliar o visual de belas, gostosas e seminuas modelos à imagem de seu produto, os caixões de defunto, como forma de alanvancar as vendas e tirar o pé da cova.
Como ocorre, diga-se a propósito, com 90% do material publicitário do planeta. É peito para vender pasta de dente, é bunda para vender macarrão instantâneo, é xavasca para vender sabão em pó, e por aí a coisa vai. E registro aqui que isso não é uma reclamação de minha parte.
Todos os anos, desde 2010, a Lindner lança calendários em que cada mês do ano é representado por um tipo de caixão de seu vasto e varíadissimo mostruário e uma gostosa em trajes sumários, biquinis, lingeries etc. A bom exemplo:
Acontece que na recém-lançada edição do calendário para 2015, a Lindner resolveu escancarar : arrancou a pouca roupa que havia em suas garotas-propaganda, todas as modelos estão nuas em pelo (modo de dizer, uma vez que, infelizmente, a depilação zero ganhou a simpatia e a adesão de todas as bucetas do mundo).
Foi o que bastou para causar indignação, revolta e protesto. Sabem em quem? Claro. Na Igreja Católica polonesa. O calendário mórbido-erótico fez com que a Lindner incorresse a santa ira da Igreja Católica. Os padres e os bispos ficaram furiosos. Possessos. Só não digo que ficaram excitados. Para isso, teria que ser um daqueles calendários norte-americanos com bombeiros musculosos de torsos nus e respectivas mangueiras a lhes fazer volume nas calças. 
A Igreja considerou a campanha "inapropriada". Um porta-voz da Santa Sé da Polônia disse que a morte humana deve ser tratada solenemente e não misturada a sexo.
Tratada solenemente como, padraiada? Com tortura e morte na fogueira? Ou como os assistidos por Madre Teresa de Calcutá, mantidos à míngua, à beira do limiar de sobrevivência, minimamente vivos para que continuassem a servir de chamariz para doações internacionais? Sim, a boa velhinha não era tão boa assim. O grosso das doações desaguava torrencialmente nos oceânicos cofres do Vaticano. Para os miseráveis, pouca coisa ficava. Para que continuassem miseráveis. Para que continuassem a atrair dinheiro.
E por que morte e sexo não podem ser misturados? Valha-me T.S. Eliot, a resumir a vida : "Nascimento, cópula e morte. Só isso. Só isso."
E por que uma gostosa em cima de um caixão é ofensivo e sacrílego? 
Por acaso, o esquife mortuário é um dos símbolos sacrossantos da Igreja Católica? A melhor dizer, uma de suas patentes, de suas marcas registradas, de seus copyrights, de suas marcas de fantasia (literalmente)? Ainda se fosse a cruz, vá lá! 
Aliás, vá lá, porra nenhuma. Ainda que fosse a cruz, de sua utilização profana, só teriam direito de se queixar, os romanos. Que no cristianismo, até seu símbolo máximo foi criação de outrem. O próprio Cristo nada mais é que uma compilação, um condensado de outros mitos anteriores - Osíris, Mitra, Krishna e sei lá mais quantos -, um amálgama de plágios.
A morte de nove milhões de pessoas pelas mãos da Inquisição Católica não é ofensivo, né? Tampouco a pedofilia institucionalizada. Nem a pregação contra a camisinha na África, o continente mais infectado pelo HIV. Muito menos o exército de freiras aborteiras, as fazedoras de anjos, mantido pela Igreja desde a Idade Média. Muito se fala dos padres, mas as esposas de Cristo também não são de melhor laia. Muitos anjinhos já foram feitos e mandados ao Senhor pelas freiras. Nada disso é ofensivo, né?
Ofensivo é um ensaio de nu artístico fúnebre-paudurescente.
Passou da hora da Igreja se tocar de que não está mais na Idade Média, desgraçada época em que mandava no mundo ocidental. Passou da hora da padraiada parar de meter o bedelho no que não é de sua competência. De parar com essa conversa mole de que a Igreja é a bússola moral da humanidade. Pois a porra dessa bússola já desmagnetizou faz tempo. Se é que um dia funcionou.
Que a padraiada cuide só do que entende e do que lhe cabe : tosquiar seus rebanhos.
Por que as imagens do calendário ofenderiam? Quem é que nunca sonhou com uma gostosa dessas em cima de si? E se não for em vida, por que não na morte? Afinal, a esperança é a última que morre.
O dono da companhia, Zbigniew Lindner, defende-se : "Queremos mostrar que um caixão não deve ser um objecto sagrado. É mobília, e é a última cama em que vamos dormir. Um caixão não é um símbolo religioso. É um produto. E muito trabalho é aplicado nos nossos caixões, que só são vistos durante uns momentos, nos funerais".
Não tinha nem que ficar se explicando e dando satisfações para a padraiada, não. Tinha era que mandar a Santa Sé tomar no meio de seu santo rabo.
E para encerrar a postagem com chave de ouro, a página do mês de abril de 2015
Só não entendi o que o mané tá fazendo aí na foto, com essa xícara na cabeça.
Se quiserem ver todos os meses do calendário de 2015, bem como os das edições de 2010 a 2014, é só clicar aqui, no meu poderoso MARRETÃO.

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1 Comentários

  1. "E por que uma gostosa em cima de um caixão é ofensivo e sacrílego?" Em resposta a essa frase do seu texto, eu diria que o problema não é sacrilégio nem ofensa. A questão é que o sexo explícito foi escancarado, porque a gostosa está literalmente sentada em cima do pau.

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