MST Publica Carta de Esclarecimento Sobre Acordo com Venezuela

O encontro era para ter sido dos mais secretos, dos mais escusos. O conciliábulo, dos mais pérfidos e clandestinos. Mas algo deu errado na logística, na "inteligência" comunista bolivariana e o conluio subterrâneo entre Venezuela e Movimento dos Sem-Terra (MST) veio à luz (em tempo : pode um sem-terra ter um encontro subterrâneo?).

Creio que quem primeiro noticiou a entrada clandestina de Elias Jauá no Brasil, para dar treinamento aos integrantes do MST, foi o grande repórter investigativo Cláudio Tognolli, depois a Veja também noticiou e daí irradiou para outras revistas, jornais e demais mídias. Entrada "clandestina" se acreditarmos que o governo federal do PT realmente não sabia de nada, como disse, como sempre diz, é o bordão do PT, não sabia de nada.

Em termos diplomáticos, a atitude de Jauá pode ser interpretada como ingerência em assuntos internos e contrário às boas relações entre dois países, um agravo à soberania nacional. O Itamaraty entrou na questão e ainda aguarda esclarecimentos do governo venezuelano. 

Mais : antes mesmo que o acordo com o MST se tornasse público, Jauá já causou polêmica. A babá de seu filho, Yaneth Anza, tentou ingressar no Brasil portando um revólver calibre 38. Jauá admitiu que a valise contendo documentos e a arma era de sua propriedade, que pedira à babá que a trouxessesse, mas que antes tirasse a arma de seu interior. Que babá mais desatenta, esquecida..

O sub-reptício encontro de Jauá com o MST, bem como sua vinda ao Brasil, foram acertados  num evento marxista campesino realizado pelo Encontro de Brigadas Internacionalistas da Venezuela, em setembro passado. Detalhe : tais brigadas são movimentos de luta armada.

Logo, que tipo de treinamento, Jauá teria vindo ministrar aos sem-terra? Técnicas de irrigação e plantio?

Sim. É o que pelo menos garantem os sem-terra. Cinco dias após as denúncias, o MST reafirmou o acordo com o governo venezuelano e publicou um comunicado à guisa de esclarecimento :

"A assessoria de imprensa do MST faz os seguintes esclarecimentos, diante da repercussão da parceria do Movimento com o governo da Venezuela:  

1- O acordo firmado entre o MST e o ministro de movimentos sociais da Venezuela, Elias Jaua, prevê um intercâmbio bolivariano entre camponeses de ambos os países na área de cooperativismo agrícola e economia solidária, com a finalidade de troca de experiências e conhecimento sobre a produção agroecológica (conforme o acordo abaixo).  

2- O MST é reconhecido internacionalmente pelo trabalho de luta pela Reforma Agrária e organização de comunidades no meio rural para a produção de alimentos, a partir de um processo de organização de cooperativas de trabalhadores rurais, que viabiliza a industrialização e a comercialização da produção. O MST tem cerca de 100 cooperativas, 1.900 associações e 100 agroindústrias, que demonstram a força da agricultura camponesa, que se constitui numa referência internacional.  

3- Os setores conservadores do Congresso Nacional, liderados pelo fundador da União Democrática Ruralista (UDR), Ronaldo Caiado, aproveitam o clima criado nas eleições presidenciais para colocar suas baterias contra a Reforma Agrária e os movimentos sociais do campo. Os setores derrotados nas eleições presidenciais buscam criar um clima de instabilidade política no país, qualificando de forma preconceituosa qualquer iniciativa de protagonismo popular como “bolivarianismo”.  

4- Desde o decreto de Política Nacional de Participação Social, derrubado pela Câmara dos Deputados, passando pela oposição à realização de plebiscito sobre a convocação de uma Constituinte do Sistema Político, até a condenação da indicação pelos presidentes da República dos ministros do STF, como prevê a própria Constituição. Agora é a vez do acordo de cooperação agrícola entre a Venezuela e os Sem Terra do Brasil.  

5- Assim, os setores conservadores demonstram que não admitem qualquer participação popular, condenando iniciativas de criação de conselhos consultivos, convocação de plebiscitos e a realização de acordos na área de cooperativismo e economia solidária."

Ater-me-ei apenas ao primeiro item, por me parecer o mais cara de pau. Nos outros quatro itens, o MST nada mais faz que destilar seu ranço e seu recalque contra fazendeiros bem-sucedidos em suas empreitas pessoais, que trabalharam para ter suas propriedades, ou ainda que as tenham herdado de pais, avós etc, as herdaram de pais, avós etc que trabalharam para as conseguir. Nos outros quatro itens, o MST nada mais faz que reproduzir o eterno discurso de vítima, do coitadinho, o discurso preferido do brasileiro, que diz que só são fracassados porque são e foram explorados pela "elite branca", porque não tiveram oportunidades na vida. Não digo enriquecer, mas basicamente o sujeito só não consegue uma vida digna se não trabalhar.

Sou agricultor e não tenho minha própria terra... Ó, coitado!!!! O médico também não tem seu próprio hospital, muitas vezes nem seu próprio consultório; o engenheiro não tem sua própria empreiteira; o professor não tem sua própria escola, o mecânico de automóveis não tem sua própria oficina, o jornalista não tem seu próprio jornal ou revista. Já imaginaram? O Movimento dos Sem-Hospital, dos Sem-Escola, dos Sem-Oficina?

Já imaginaram se a moda do vagabundo que quer ter o que o outro conquistou trabalhando pega? Médicos se reunirão, brandindo ameaçadoramente bisturis, estetoscópios e dedos enluvados para toque retal, invadirão hospitais particulares e ali se assentarão. Professores agitarão ostensivamente gizes, apagadores e as terríveis canetas vermelhas e tomarão posse de escolas particulares, declarando-as estabelecimentos burgueses de ensino improdutivos.

Voltando : ao ler o primeiro item do comunicado dos sem-terra, eu até me emociono : prevê um intercâmbio bolivariano entre camponeses de ambos os países na área de cooperativismo agrícola e economia solidária, com a finalidade de troca de experiências e conhecimento sobre a produção agroecológica.

E que atribuições técnicas, que capacitações e formações acadêmicas, Elias Jauá possui para empreender tão nobre objetivo, produção agroecológica...?

Vejamos um resumido currículo do moço:

"O venezuelano Elías Jaua é um especialista em atividades clandestinas. Em 1992, ele estava entre os mais de 1.000 conspiradores envolvidos na sangrenta tentativa de golpe de Estado que deu fama ao coronel Hugo Chávez. Depois que Chávez chegou à Presidência, em 1999, Jaua passou a fazer parte da cúpula do novo governo, ocupando cargos variados, mas sempre com a responsabilidade de cooptar, articular e treinar movimentos sociais e milícias armadas com o propósito de implantar o “socialismo do século XXI” na Venezuela e de exportar esse modelo para os países vizinhos. (Revista Veja)"

 Sabe tudo de cultivo autossustentável!!!!

Junto ao citado revólver calibre 38 foram encontradas centenas de páginas de documentos. A papelada foi apreendida e cópias foram enviadas para a Justiça Federal. Algumas pessoas que manusearam as brochuras descreveram o seu teor com os adjetivos “forte”, “preocupante” e “explosivo”. A primeira página de uma delas traz o que parece ser o sumário de uma palestra ou aula ensinando como fazer uma revolução socialista, com itens como “Identificar e neutralizar o inimigo (derrota permanente)”.

O que seria exatamente "identificar e neutralizar o inimigo (derrota permanente)". É óbvio. E não é nada do que vocês estão pensando, seus reaças direitistas!!! 

É claro que, em se tratando de treinamento agrícola, só pode ser o campesino aprender a reconhecer os diversos inimigos das lavouras, as pragas agrícolas - brocas, lagartas, carunchos, percevejos, ácaros, fungos, ervas daninhas etc -, bem como ser instruído nas técnicas de combate e extermínio das mesmas - os pesticidas e herbicidas mais adequados a cada situação, o uso de controle biológico e outros que tais.

Claro que só pode ser isso.

Nós, da direita, precisamos parar de pegar no pé dos pobres vermelhinhos...

Fonte : Blog do Cláudio Tognolli

            Carta Capital

            Revista Veja