Taí um cara que eu pensava que jamais fosse morrer. Existe gente que é assim, tem ares de imortal. Se uma lista de pessoas imperecíveis me fosse encomendada, Jair Rodrigues, na certa, estaria em seu topo.
Nem envelhecer o cara envelhecia. Sempre que estava em um programa de TV, fosse de auditório, de entrevistas, um debate etc, Jair Rodrigues não parava quieto, era elétrico, agitado, um desassogego só, mexia e brincava com todo mundo, desde o apresentador até os câmeras e contrarregras.
No palco de seus shows - nunca tive a oportunidade de vê-lo ao vivo -, até bananeira ele plantava. E, de súbito, vem o mal-humorado e rabugento do tal miocárdio e resolve infartar, pedir aposentadoria compulsória.
Jair Rodrigues deixou de cantar hoje, aos 75 anos. Calou-se de forma inesperada para a família e fãs, pois gozava de boa saúde e mantinha-se trabalhando normalmente, estava em meio à turnê de seu mais recente lançamento "Samba Mesmo".
Sua última apresentação se deu em São Lourenço (MG), palavras do organizador do show, Daniel Moura : "Jair cantou e dançou por mais de uma hora demontrando a típica alegria e
vitalidade. Ele plantou bananeira no palco e fez uma homenagem para
Elis Regina". Segundo Moura, antes de cantar "Romaria", Jair conversava com Elis como se ela estivesse no
palco: "Olha Pimentinha, manda um abraço para São Pedro porque eu não
estou com pressa".
Brinca com São Pedro, brinca...
Deixo aqui a letra de "Bloco da Solidão", de autoria de Evaldo Gouveia e Jair Amorim e uma das gravações de Jair Rodrigues de que mais gosto.
Bloco da Solidão
Angústia, solidão,
Um triste adeus em cada mão,
Lá vai meu bloco, vai,
Só desse jeito é que ele sai,
Na frente sigo eu,
Levo o estandarte de um amor,
O amor que se perdeu no carnaval,
Lá vai meu bloco,
Lá vou eu também,
Mais uma vez sem ter ninguém,
No Sábado e Domingo,
segunda e terça-feira,
E quarta-feira vem,
O ano inteiro,
É todo assim,
Por isso quando eu passar,
Batam palmas pra mim.
Angústia, solidão,
Um triste adeus em cada mão,
Lá vai meu bloco, vai,
Só desse jeito é que ele sai,
Na frente sigo eu,
Levo o estandarte de um amor,
O amor que se perdeu no carnaval,
Lá vai meu bloco,
Lá vou eu também,
Mais uma vez sem ter ninguém,
No Sábado e Domingo,
segunda e terça-feira,
E quarta-feira vem,
O ano inteiro,
É todo assim,
Por isso quando eu passar,
Batam palmas pra mim.
Aplaudam quem sorrir,
Trazendo lágrimas no olhar,
Merece uma homenagem,
Quem tem forças pra cantar,
Tão grande é a minha dor,
Pede passagem quando sai,
Comigo só,
Lá vai meu bloco, vai...
Trazendo lágrimas no olhar,
Merece uma homenagem,
Quem tem forças pra cantar,
Tão grande é a minha dor,
Pede passagem quando sai,
Comigo só,
Lá vai meu bloco, vai...
(1939 - 2014)
1 Comentários
Considero a Disparada, a maior obra musical do século XX e ela já tem mais de 10 interpretes Que Deus sempre proteja o Geraldo Vandre e o Teo de Barros!
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