ATEA Vira Confessionário De Neoateus, Dos Ateuzinhos De Boutique

Sou ateu desde que nasci, ateu de DNA, e tenho quase 50 anos. Com certeza, nesse tempo todo, muitas pessoas já me olharam torto por conta de minha descrença, já me "discriminaram", já deixaram de ou evitaram ao máximo falar comigo. E daí? Ninguém é obrigado a gostar de mim. E nem eu de todo mundo. 
Se uma pessoa, ou o grosso de uma sociedade, não aceita o fato de alguém ser ateu, o problema é com eles, eles é que têm algo mal resolvido. Não vou deixar - nunca deixei - o problema deles se tornar o meu. E nem vou ficar me lamentando, choramingando pelos cantos por não ser aceito. Ateu de verdade tá cagando um balde para a aceitação dos crentes religiosos.
Hoje, há uma nova geração de ateus - falsos ateus - que vive a reclamar da "discriminação" que sofre. Esses neoateus, esses ateuzinhos de boutique, são muito dos ofendidinhos, dos melindrosos, como toda essa nova geração politicamente correta. Ora, quando você assume uma posição diferente da maioria, é claro que a maioria vai lhe excluir, vai afastar você do convívio dela. Querem ser diferentes, porém, com a aprovação e a admiração dos iguais. Com o beneplácito do bando. Lamento informá-los, isso não vai acontecer. Nunca.
O bando não simpatiza com os que lhe são anômalos. Pudera. Se o bando se permitisse infiltrar e contaminar por quem pensa e age diferente dele, em pouco tempo, é óbvio, sua integridade de grupo estaria comprometida. Ou seja, o bando acabaria. Acabaria o aconchegante reduto dos descerebrados. O bando, instintiva e imediatamente, detecta o diferente e o  bota para fora a pontapés. Preconceito e discriminação? A natureza humana, simplesmente. Agora, se não aguentam o tranco de ser ateu, que virem logo evangélicos, dentro de um templo, ninguém lhes discriminará, todos os chamarão de irmãos.
Digo tudo isso porque o feicebúqui da ATEA (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos) se transformou num autêntico confessionário para os neoateus chorarem as suas pitangas, um genuíno muro das lamentações.
Uma das jovens que postou seu desabafo no feicebúqui da ATEA conta que tem sido vítima de intolerância religiosa na escola depois que revelou sua condição de ateia, e que sua própria família tenta forçá-la a se reconverter ao cristianismo. "Isso me conforta", disse. É ou não é exatamente a mesma fala de um religioso que acabou de sair de sua igreja? Será que a farsa dos neoateus é clara só para mim?
Outra neoateia, ex-espírita, relata que sua família também quer levá-la de volta ao centro espírita e que, nas redes sociais, muitos a excluíram de suas listas de "amigos". Nossa!!!! Aí, realmente, a coisa é grave, excluíram-na do feicebúqui. Parece que hoje ser excluído de uma rede social é condenação perpétua ao divã de um analista. Ela diz que deixa de se sentir sozinha quando entra na página da ATEA, pois encontra outros iguais a ela. De novo, não é a mesma coisa que as multidões se irmanando em transe alucinatório nas igrejas e templos? 
Uma outra, só para citar mais um exemplo, também diz que frequenta a página para não se sentir só e acha que os ateus precisam ser mais unidos. Como em um rebanho, né?
Ateus se unirem? Encontros nacionais de ateus? Para quê? Para não rezar? Para não louvar a deus, para discutir a inexistência dele? Patético! Reunião de ateus é uma das maiores idiotices de que já ouvi falar, um puta dum contrassenso. Ou, como bem diria nosso estimado ex-presidente Lula, é uma tremenda duma babaquice.
Explico : o crente, por mais burro que ele seja (e ele o é), reúne-se em torno de algo, de uma crença, de um objeto que ele julga existente e palpável. E esses ateuzinhos de boutique? Reúnem-se em torno do nada, do vazio, da descrença. E, acreditem, ter a descrença como elemento agregador é coisa das mais tristes que há. Ser ateu é conviver com o vazio, não é querer dar um sentido a ele, muito menos cultuá-lo como se fosse a um deus, que é o que fazem esses neoateus em seus encontros.
O ateu verdadeiro é um solitário por natureza, ou não é dos legítimos. Ora, o verdadeiro ateu não precisa nem da companhia de deus, por que cargas d'água, então, precisaria da companhia de outros ateus?
Se você se diz ateu, mas tem uma grande ânsia de encontrar e se congregar com outros a quem julga seus iguais, acredite : você não é ateu porra nenhuma. Você é um tremendo dum religioso enrustido. Sai do armário, meu amigo. Procure logo uma igreja, que é o local ideal para as vítimas, para os perseguidos, os coitadinhos de plantão. E deixem de macular o bom nome dos verdadeiros ateus.
Fonte : Paulopes

Postar um comentário

3 Comentários

  1. E isso não se restringe a opinião religiosa, eleva-se a qualquer questão social. Sofro dessa "exclusão" , pelo simples fato de pensar de forma diferente da maioria em questões como relação "pessoa-pessoa" .
    Mas não procuro pensar nisso, apenas levo minha vida com as poucas pessoas que gostam de mim.

    Saudades de suas aulas Prof. Ricardo!
    Um abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É exatamente isso, Ícaro. Eu também sempre sofri essa "exlcusão" desde que eu me entendo por gente e te digo que isso só me fez bem, só me fez mais estudar, mais me aprimorar. Acho que é por isso que nos demos bem, sua sala e eu. Vocês eram uma sala "estranha" aos outros terceiros e eu sempre fui - ainda bem - estranho à maioria dos professores. Por isso, sempre falavam da gente, pura inveja, caro Ícaro.
      Apareça na escola para matar a saudade, para jogar uma conversa fora. A Larissa esteve lá há alguns dias.
      Abraço.

      Excluir
    2. Estarei lá quarta-feira após o intervalo Professor !
      Até lá!

      Excluir