Superfaturamento

Minha dores não são a sério,
Não são nada graves,
Minhas dores não me levarão ao cemitério,
Quando muito, são gases.
São torcicolo, falto de colo,
Um calo, um joanete, um sangue pisado no dedão do pé.
Se delas falo, é para ganhar confetes e cafunés.

Não gastem com minhas dores,
Sangrias, emplastros nem enemas :
São dores de cinema, lágrimas de astro, de pura fantasia.
Minhas dores não são caso para morfina,
Coma induzido nem divã de psiquiatra :
Mitigam mesmo com aspirina, seios desvestidos
E a cerveja de 3 ou 4 latas.

São dores falsas, valsas sem par,
Mas são as de que disponho para penar,
Para pegar da pena e escrever,
Para bem compor o meu inferno.
E se não as amplio,
Se não as copio a um caderno,
Aí, sim, é que fica mais dorido viver.

Postar um comentário

3 Comentários

  1. Confesso, que ao ler a primeira estrofe, pensei em todas as muitas ''vítimas'' de bullying.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Nem pensei nisso quando escrevi, mas, nesse caso, é um autobullying, aquela coisa de autocomiseração, de chorei, chorei, até ficar com dó de mim.
      E ao ler as outras estrofes?

      Excluir
    2. Nas estrofes seguintes, você utiliza suas pequenas mazelas de forma proveitosa, ao invés de se lamentar e culpar o mundo, como é muito comum hoje em dia.

      Excluir