Fitoterapia, Era Só o Que Me Faltava

Não tomarei unha-de-gato.
Deixe o tendão a incendiar,
Aqui, ali, Aquiles e acolá,
Deixe o tendão a tanger suas cordas,
Nos dedos, nos pulsos, no calcanhar,
Insistente, chato e barulhento
Feito música alta de vizinho.

Nem tomarei ginseng.
Deixe o cansaço a me gravitar,
A má circulação, o bom tráfego engarrafar,
Em foto sépia-amarelada, a memória se embalsamar.
Deixe a tonelada dos anos
Derrubar-me os cantos da boca,
Os cantos dos olhos,
Meu berro vazio,
Meu canto já sem nenhuma função,
Que só é insistente, chato e barulhento
Feito música alta de vizinho.

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