Enfim, fim do ano letivo. Ainda falta reunião da segunda-feira com a diretora, tomar um sermão, alguns; parabéns e torresmos, outros. Destino dos alunos foi "decidido" ao longo da semana, progressão continuada, fluxo, bônus, muita sandice, lógica mandada às favas e muito lanchinho, café, chocolate em bombonière que mais parecia urna funerária, daquelas de botar cinza dos mortos. Que professor gosta mesmo é de encher a pança.
O conselho de classes não resolve mais porra nenhuma, há muito tempo, é só cumprir tabela, mas ainda existem certos ranços. Conselho de classe é hora da onça beber água, tentar beber água, tadinha, e voltar pra casa de beiço seco, ai do marido dessa onça.
É hora do professor exercer sua vendeta contra o aluno que lhe perturbou durante o ano. Alunos igualmente incapazes são aprovados, se bonzinhos, ou reprovados, se considerados petulantes ou insubmissos.
Vendeta, meu bem, pura vendeta. O cara ficou só em Biologia, o conselho vota e decide pela aprovação, o professor de Biologia fica (ficava) puto da vida. O que mudava? Porra nenhuma. O fulano ficou só em matemática ou filosofia, os seguidores de Aristóteles, Thales, Pitágoras e que tais, ficam putos, espumam, soltam faíscas pelo cu. O que muda? Porra nenhuma.
Vendeta, meu bem, pura vendeta. O cara ficou só em Biologia, o conselho vota e decide pela aprovação, o professor de Biologia fica (ficava) puto da vida. O que mudava? Porra nenhuma. O fulano ficou só em matemática ou filosofia, os seguidores de Aristóteles, Thales, Pitágoras e que tais, ficam putos, espumam, soltam faíscas pelo cu. O que muda? Porra nenhuma.
Professores ainda consideram o descaso do aluno como ofensa pessoal; dão-se muita importância, esses professores. Muitas vezes, o aluno nem sabe o nome do professor.Como pode ser pessoal ?
Negar um diploma a um aluno SÓ porque ele é semianalfabeto? Só porque ele não sabe sequer o prefácio da cartilha Caminho Suave (imaginem, então, o pre-difícil)? Já foi o tempo.
O Lula foi diplomado. A Dilma foi diplomada. O Tiririca foi diplomado, e muito aplaudido por isso. O Maluf foi considerado "ficha limpa" e recebeu seu enésimo diploma, atestando sua honradez. Os parlamentares autodiplomaram-se, aumentaram seus salários de 16 mil para 26 mil; só o acréscimo, eu levo seis meses para ganhar.
E vocês, professores rançosos, querem negar um diplomazinho a um punhado de meninos que nasceram para trabalho braçal? Querem atravancar a vida de uns simplórios que nada lhes fizeram, a não ser não terem afeição por seus tecnicismos?
Diploma, hoje, é como certidão de nascimento ou RG, é documento obrigatório por lei. Não há mais mérito na obtenção de um "canudo", há uma obrigatoriedade legal. Professor é como funcionário de cartório, está lá só para autenticar, só para bater o carimbo.
Diplomas a mancheias. Distribuamo-nos. Feito panfletos em semáforos. Feito hóstias para infiéis. A quem os quiserem.
Vossa catarse, caros mestres, foi proibida no exercício da função. Façam-na por outras vias. Metam em suas mulheres, deem para seus maridos ou para quem quer que se disponha a comê-las, embriaguem-se com a cerveja barata que seus parcos rendimentos lhes permitem comprar, vão chorar no divã de psicólogos ou psiquiatras do SUS, desabafem com suas manicures ou em seus jogos de futebol, leiam a Bíblia ou qualquer outro livro de autoajuda.
Mas diplomas, distribuam. A mancheias.
E deixem que digam, que pensem, que falem.
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