Vade Retro, Rubem Alves

Ando numa fase em que algumas coisas me deixam irritado só pelo fato de existirem e me caírem nas vistas, ainda que eu não seja obrigado a conviver com elas ou tolerá-las. Ou lê-las, nesse caso.
Vou quase que semanalmente a uma biblioteca pública, por vezes a escolha do livro é rápida, mas em outras exige um trabalho de garimpagem pelas estantes e corro minhas vistas por dezenas de lombadas de livros antes da decisão de qual emprestar.
Hoje, numa dessas varreduras, dei de cara com dois títulos do tal Rubem Alves. Esse senhor é mais um picareta metido a educador que escreve uns livrinhos cheios de metáforas estapafúrdias, bem ao estilo motivacional e de autoajuda. Esse embusteiro, há tempos, caiu nas graças da abominável classe professoral - sobretudo as professoras primárias e as coordenadoras peidagógicas -, que se emociona com suas historinhas para boi dormir, que considera os seus escritos de grande profundidade e inspiração.
Mais um, esse Rubem Alves, que se consagrou às custas da ignorância do professor. Já me sujeitei a ouvir a leitura de várias de suas embromações nas eternas e inúteis reuniões peidagógicas semanais da escola. Já fui exposto à sua parábola da pipoca, onde compara - numa cara-de-pau que beira o ineditismo - o potencial humano a um grão de pipoca submetido ao fogo. O grão pode virar uma tenra e macia pipoca ou se tornar um piruá. Assim também são as pessoas, afirma esse farsante da educação, se elas se despem de suas ideias formadas e de seus sólidos conceitos frente a uma nova situação, diante de uma adversidade, se abrem-se ao novo, viram uma bela e formosa pipoca; caso contrário, se continuam fechadas nas "cascas" de seus pensamentos preconcebidos, serão eternos piruás.
Puta que o pariu!!! O pior é a emoção estampada na cara da professorada ao término da leitura. É como diz um amigo meu: o problema não é o discurso, é o aplauso da plateia.
Estavam lá os dois livros desse senhor, bem à minha frente : "o sapo que não queria ser príncipe" e o magistral "ostra feliz não faz pérola".
(Olhei para os lados - verificar se ninguém me observava - e empurrei os dois livros para o fundo. Até eles caírem, ficando entalados entre a estante e a parede)
Não conheço Rubem Alves, nunca o vi ou assisti a uma de suas palestras, e se essa possibilidade se avizinhar um dia, fugirei dela como o capeta foge da cruz, aliás como eu próprio fujo da cruz.
Não o conheço, mas tenho a certeza (do redundante tipo das absolutas) de que Rubem Alves, a exemplo de sua ostra, é uma pessoa feliz. Insuportavelmente feliz.
Suas "pérolas" não servem nem aos porcos.
Só às professoras primárias e às coordenadoras peidagógicas.

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