És a minha palavra-curinga,
Quando não estou com meu dicionário à mão
E a minha memória para sinônimos e rimas se esquece de mim.
És meu adjetivo pátrio,
Me salvas da minha incapacidade de sorrir elogios
E da minha naturalidade em cuspir críticas e vitupérios.
És minha partícula apassivadora,
Me resgatas de minha própria ira contida e fermentada
E me serves chá de cidreira com vodka para que eu tenha uma noite de insônia mais serena.
És meu verbo vicário,
Quando tenho que me satisfazer em outro corpo
Que não o teu.
5 Comentários
Belo poema vicário.
ResponderExcluirLi esse texto agora pouco, e lembrei do senhor, segura ai: http://aprendendoaensinarensinandoaaprender.blogspot.com/2019/04/shazam-de-moacyr-scliar.html
ResponderExcluirEu li o texto e gostei bastante. O Scliar era um craque, de fato. Mas o que no texto lhe fez lembrar de mim?
ExcluirAdmiro sua imensa capacidade de criar belos poemas como este. Você deveria fazer um livro eletrônico com sua produção poética (e outros livros com suas outras vertentes literárias). Creio que o Scant manja isso. Mas, juro, tive de olhar no dicionário o significado da palavra "vicário".
ResponderExcluirEu também não conhecia o tal verbo vicário. A "inspiração" para o poema veio quando descobri a palavra e o seu significado numa palavra cruzada.
ExcluirEu já andei dando uma fuçada em uns programas de confecção de livros eletrônicos, mas não me animei muito, não.
Tenho uma grande amiga que, há décadas, bate nesta tecla, de que eu tenho que publicar minhas coisas etc, foi até ela que - eu só soube tempos depois - envio um poema para o programa Provocações e que foi lido pelo Abujamra. Embora o bom e velho Abu não o tenha lido na íntegra e feito umas alterações nem sei por quê, claro que gostei.
https://www.youtube.com/watch?v=8LpPNjdJh58