Os Intestinos do A Marreta do Azarão

O blog A Marreta do Azarão que todos os seus bravos leitores conhecem é este aqui que se lhes apresenta em suas telas de computadores, notebooks, tablets e, sim e desgraçadamente, celulares. Mas não é o A Marreta do Azarão real. É tão-somente um avatar eletrônico do meu poderoso, bruto, rústico e paudurescente Marretão. É uma versão revisada, editada, pronta e acabada, de cabelos penteados, barba feita, remelas tiradas e de dentes escovados.
O conteúdo aqui visto não nasce diretamente de seus editores de texto, de HTML e de imagens; para mim, conteúdo escrito diretamente pelo teclado é como bebê de proveta, como inseminação in vitro. Ele é fecundado, gestado e parido sem cesárea - muitas vezes a fórceps - em e de meus cadernos, agendas, blocos de anotações, brochuras e brochadas, folhas de sulfite e de caderno soltas e depois ensacadas. Eles são o A Marreta do Azarão de fato. O A Marreta do Azarão despenteado, só de cuecas frouxas, com barba por fazer (há meses e meses), mau hálito, ressaca e pentelhos nunca sequer aparados. Eles são os intestinos e a manjedoura do blog; que isso de alma, coração e cérebro é coisa de blog de fresco. Nada que valha a pena pode ser escrito senão com os intestinos.
Apresento-vos, pois, as entranhas do A Marreta do Azarão.
Tudo o que figura no blog - e outro tanto que não,  e outro tanto de ideias infecundas ou natimortas - está nestes 25 volumes; desde o seu início, em 2009. Acima deles, minha cabeça em argila; abaixo, a caixa plástica que os abriga e que, em breve ou nunca, será substituída por uma arca de madeira, o verdadeiro baú do Azarão. E um caderno de número 26, uma brochura capa dura de 96 páginas, já vai pela sua metade. 
Porém, é possível que ela não se locuplete. A julgar pela minha letargia de pegar na caneta e mais ainda de me sentar ao teclado aliada ao resultado pouco satisfatório de minhas últimas produções, é provável que ela não se locuplete. Os resultados autodecepcionantes de meus últimos textos são frutos dessa minha letargia, ou essa minha letargia é fruto dos parcos resultados?
Foda-se. Que agora eu vou lá, tomar meu café feito em cafeteira italiana e comer uns biscoitos Tostines.

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17 Comentários

  1. Eu sempre me identifiquei um pouco com "el ingenioso higaldo Don Quijote de la Mancha", justamente por sua inadaptabilidade ao mundo real. Ao ler este post me dei conta de que você é a reencarnação do nobre louco e sonhador! A transmutação de um personagem de ficção para um sujeito de carne e osso (provavelmente mais osso que carne). Queria brincar com o nome "A marreta do Azarão" traduzido para o espanhol, mas não tive sucesso e desisti.

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    1. Rapaz, você não é o primeiro a me associar com o Cavaleiro da Triste Figura. E eu, por conta própria, vou tomando como elogio.
      Fui até o tradutor do Google e pus lá marreta do azarão, saiu "mazo de caballo oscuro", o malho do cavalo sombrio, no caso o cavalo sombrio é referente ao termo azarão usado para cavalos desacreditados e que acabam levando o páreo.
      Pãããããããta.

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    2. Tentei achar o equivalente a "Azarão" e não consegui. Fui justamnente por essa linha de corrida de cavalos mas estava dando um trabalho do caralho (carajo). Pesquisei até em glossário de termos hípicos, mas nada. Deve ser por eu ser burro demais.

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    3. Penso que não tem tradução literal. O mais próximo que consigo pensar é "La hacha del desvalido". Creio que só no inglês há correspondente para 'azarão', que seria 'underdog'; palavra que inclusive foi levada para o idioma espanhol sem tradução (americanizando o espanhol [ou, o idioma mexicano, como diz o Trump]). Mas, desvalido é referente a 'underdog', a depender do contexto.

      Gostei do texto.

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    4. Acho que o melhor termo seria "dark horse" em inglês. E em espanhol, parece ser "batacazo"...

      Faz sentido de acordo com esses links, mas talvez não seja de fato uma tradução literal termo a termo:

      https://www.definiciones-de.com/Definicion/de/batacazo.php

      https://dle.rae.es/batacazo

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    5. 'Batacazo' é uma palavra curiosa, inclusive. Daria um livro, ou uma bela análise histórica, assim como o Leminski fez com a palavra 'catatau', que quer dizer 'grande', mas quer dizer também 'pequeno'. Acho que Batacazo na Argentina quer dizer o contrário do que a palavra quer dizer em outros países de mesmo língua. Vou pesquisar mais sobre, mas pelo que sei, no geral, significa algo que se tinha muita esperança e então esse algo decepciona; mas, literalmente também significa um golpe violento, recebido inesperadamente (tipo um 'baque', mais relacionado com queda), o que parece ter dado origem para o terceiro uso da palavra: 'dar el batacazo', que seria algo como uma vitória inesperada, uma zebra, justo o oposto do primeiro significado. Aliás, obrigado por me lembrar (sem a intenção, claro) dessa palavra, será de ótimo proveito.

      Sobre underdog e dark horse, dá quase na mesma; só varia o animal (piada) (https://premierskillsenglish.britishcouncil.org/course-stages/discussion-underdogs-and-dark-horses)

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    6. Acho que nunca uma palavra, o meu apelido Azarão, gerou tantas outras aqui no blog.

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  2. Penso que se fosse escrever como você ficaria louco (um pouco mais). Eu tenho fluência para escrever à mão, mas escrevo como se estivesse falando com alguém ou comigo mesmo. Justamente por isso às veze a ordem das palavras não fica muito boa. Por isso, depois de pronto o texto eu começo a alterá-lo. Pior é quando resolvo trocar a ordem dos parágrafos. Se eu escrevesse em um caderno para só então passar para o computador, o caderno seria um emaranhado de rasuras, rabiscos e setas indicando aonde vai o quê. A vantagem de mandar bala direto no micro é essa. Foda é quando eu me esqueço de salvar (é raro, mas pode acontecer).

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    1. " Se eu escrevesse em um caderno para só então passar para o computador, o caderno seria um emaranhado de rasuras, rabiscos e setas indicando aonde vai o quê". E como acha que são os meus cadernos? Pois acabou de descrever a maioria de suas páginas. E isto quando eu não interrompo uma ideia e começo a escrever outra em cor diferente para depois poder distinguir as duas. Meus cadernos têm escritos em azul, verde, roxo, preto, vermelho, rosa etc. Até alguma coisa a lápis pinta de vez em quando.

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  3. Definitivamente está definido y aclarado: su blog se llama El Martillo del Batacazo. ¡Buenas noches!

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  4. Me lembrei do Grant Morrison, tem um documentário chamado "Talking With Gods" em que ele descreve o método de produção dele de forma parecida.

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    1. Só não é igual por falta de drogas e rituais mágicos

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    2. A presunção de inocência até ler sua resposta
      ;)

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    3. Sabe de nada, inocente...
      E por que tomar parte de rituais mágicos e dar um tapa na pantera torna alguém culpado?

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    4. apenas torna o culpado de ofender o medíocre moralismo imperante de uma decadente sociedade consumista

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    5. Porra, Azarao, eu achando que o Ciro tinha sido a droga mais pesada que tinha usado...

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