O Brasão do Jotabê

Na seção Cerveja-Feira de ontem, ao comentar sobre a embalagem da Salzburg, disse de meu interesse e simpatia pela Heráldica, a arte de descrever os brasões de armas ou escudos. Não tenho interesse propriamente dito - aliás, nenhum - pelas genealogias que eles representam, tampouco nas relações e na ostentação de poder das dinastias retratadas. Gosto da parte gráfica dos brasões, da composição dos desenhos, das cores, dos pictogramas; gosto dos brasões no seu sentido estrito de uma obra de arte.
E os brasões estampados na latinha da cerveja acabaram por render mais comentários que o seu sacrossanto conteúdo. Jotabê, o agora de fato ermitão do Blogson Crusoe, comentou : "Quanto à heráldica eu acho bacana também, mas fico muito constrangido quando vejo alguém com o “brasão de família” comprado em alguma feira agropecuária. Complexo de inferioridade enrustido é foda. Eu já falo logo que vim de uma família de gente pobre, sem nenhuma nobreza. Pensa bem, “Botelho” era o nome de uma planta aquática mencionada pelo Pero Vaz de Caminha. Algum nobre teria o nome de Botelho? Só se fosse Botelho pinto".
Pois engana-se, caro Jotabê. Descendes de nobre família lusitana. Tem profundas raízes, a tua árvore genealógica, na freguesia portuguesa de Escalos de Cima. Tens fidalgos de cotas de armas por contraparentes. Confira nas informações abaixo, do site Heraldrys Institute of Rome :

"Procedem os Botelhos de D. Vasco Martins Mogudo e de sua primeira mulher, D. Elvira Vasques de Soverosa, por seu filho Martim Vasques Barba, nascido quando ainda vivia o primeiro marido desta senhora, D. Paio Soares de Valadares. Martim Vasques casou-se com D. Urraca ou Elvira Rodrigues, filha de Rui Peres de Ferreira e de D. Teresa Peres de Cambra, e dela teve Pedro Martins B., João Martins B. e Alda Martins B., que, primeiro, se recebeu com Fernão Reimão de Canhedo e, em segundas núpcias, com João Alcoforaldo, o Tenro. Tanto Pedro Martins B. como seu irmão João Martins B. casaram e tiveram filhos que continuaram o apelido. De Escalos de Cima: família descendente, por legítima varonia, de Manuel Fernandes Carrilho e e sua mulher D. Catarina Gonçalves Loura, que foram pais de Manuel Fernandes Carrilho de Aragão, Capitão de ordenanças, que casou com D. Isabel-Maria B., filha de Pedro Fernandes B. e de sua mulher D. Isabel da Visitação. Destes foi filho Joaquim-Manuel B., Sargento-mór de milícias, fidalgo de cota de armas (24.7.1797 e 26.9.1814). O actual representante desta família é 3º neto do acima referido fidalgo de cota de armas. João-do-Carmo Correia B., actual representante desta família, licenciado em Direito (U.L.), administrador da Empresa de Pesca de Viana, agente consular de França em Viana do Castelo, condecorado pelo governo francês com o grau de cavaleiro da Ordem das Palmas Académicas e como grau de oficial da Ordem do Mérito etc etc etc".

E ostentas, sim, aristocrata Jotabê, um brasão de família. Já podes encomendar um quadro para encimar a lareira da tua sala de estar.
Por isso que eu sempre digo : Jotabê é um brasão, mora?
Ah, e a família Pinto também possui um brasão de armas, mas pinto eu não mostro aqui. De jeito nenhum.

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6 Comentários

  1. Jotabê, a casa caiu!
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    Azarão, meus parabéns pelo aniversário. Que venha com muitas prosas, publicações originais e cervejas na promoção. Abraços.

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    1. Rapaz, de onde tirou a lembrança desta tão funesta data?
      Sim, que venham muitas prosas, publicações originais e, mais ainda, cervejas na promoção; porque as duas primeiras dependem muito desta última.

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    2. Se acertei o dia, foi por acaso. Mas lembrei que tu comentou em uma publicação do Blogson, sobre fazer aniversário na semana seguinte (no caso, essa semana).

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    3. Sim, é hoje mesmo, dia 15. E o do Bukowski é amanhã. O mês de agosto é uma manjedoura de gênios.

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  2. Rapaz, estou me sentindo tão nobre que até solicitarei a mudança de meu nome. Agora, em vez de José Botelho Pinto, quero me apresentar como José Botelho Pênis. Mas confesso minha ignorância funcional, pois não entendi o emaranhado de ascendentes, principalmente depois de ler “João Alcoforaldo, o Tenro”. Como assim? “Tenro”? Acho que devo omitir a existência constrangedora desse parente. E outra coisa: que negócio é esse de “B.”? Quem é a prova viva (há controvérsias) de atividade frenética no passado (infelizmente, só no passado), jamais deveria omitir o Botelho. Uma coisa me consola: Botelho Pinto ou Botelho Pênis, o prazer sempre foi o mesmo. E posso dizer que com um brasão desse tamanho, sei que vou arder na fogueira das vaidades (mas sem queimar a rosquinha). E se hoje é seu aniversário, meus votos sinceros de muitas alegrias, SAÚDE, paz, amor, grana (nunca é demais!) e Felicidade com F maiúsculo.

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    1. Pois é, nem comentei nada na postagem, mas também achei meio viadesca essa coisa do Tenro.
      Sim, é meu aniversário, 53 anos. Obrigado pelas felicitações.

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