As Rosas Não Falam, Ou Será Que é Você Que Não é Capaz de Escutá-las?

Mais uma da série "o Azarão sempre soube e só agora a ciência começa a constatar".
No dia a dia, quando perguntado por algum aluno, sempre faço questão de marretar a burrice e a presunção do tal do vegetariano, esse ser que se julga uma modalidade superior do gênero humano, um iluminado, um escolhido por Gaia.
Aliás, muitos me perguntam se sou vegetariano. Respondo-lhes que entendo tão ofensiva suspeita sobre meu caráter, digo-lhes que tal confusão não é inédita e tem lá o seu fundamento, afinal, todo vegetariano é um chato de galocha, o chato que nasce no saco do chato, mas esclareço que nem todo chato de galocha é, obrigatoriamente, um vegetariano - o que é o meu caso. Chato, sim; vegetariano, jamais, que aí também já é defeito demais para um só sofredor.
O vegetariano se considera o salvador do meio ambiente, um amigo da natureza, alguém que partilha de uma consciência una com o Universo. Um ser que, de uma hora para outra, vai sair levitando e ascender aos céus. Não vai.
O vegetariano é só mais um fanático, feito os religiosos, os políticos e os "sociais". É só mais um tipo de doente mental que substitui fatos por crença.
O vegetariano crê que é herbívoro, que pode dispensar nutrientes de origem animal. Não pode. O fato é que somos equipados físico-quimicamente para processar e incorporar tanto moléculas vegetais quanto animais. Pense, por exemplo, na dentição de um animal verdadeiramente herbívoro - uma vaca, um cavalo. Todos os dentes têm as superfícies superiores achatadas e sem corte, cegas. Nenhum dente do herbívoro é afiado ou pontiagudo, não se prestam a cortar, a rasgar, ou a perfurar; só a moer e triturar. Agora, imagine os dentes de um carnívoro - pode ser o totó ou o bichano de sua casa. Não há dentes com superfícies achatadas, só cortantes e pontiagudos, bem ao jeito para rasgar e perfurar um belo de um pescocinho de um herbívoro. Abra, enfim, a sua própria boca e veja que temos dentição mista : incisivos e caninos, para rasgar, cortar e perfurar, e molares, para moer e triturar.
Mais : o intestino de animais herbívoros é, proporcionalmente, bem maior que o dos carnívoros - a celulose é de digestão muito mais difícil e demorada do que a da carne, o que requer um tempo maior de permanência dentro do trato digestório. Pois nós, humanos, temos, proporcionalmente, o intestino menor que o dos herbívoros e maior que o dos carnívoros. E sobretudo : somos incapazes de digerir a celulose, o combustível vegetal por excelência.
São comuns as deficiências das vitaminas D3 e B12, ambas de origem exclusivamente animal, entre os vegetarianos. A primeira regula a absorção de cálcio e sua deficiência pode causar raquitismo em crianças, osteoporose precoce em adultos e desmineralização dos dentes. A segunda, entre outras funções, dá manutenção ao sistema nervoso e sua falta pode causar desde distúrbios de percepção sensorial a danos irreversíveis na aprendizagem.
Acham que o vegetariano se dá por convencido e vencido? Porra nenhuma! O fanático nunca se dá por. O ignorante é mais convicto dos seres. Ele sempre tem uma saída sem nexo, sem pé nem cabeça, e que ainda o coloca, de novo, na condição de um abnegado, de um mártir. Ele dirá que pequenos contratempos à saúde são um pequeno ônus a se arcar frente ao bem proporcionado ao planeta, um sacrifício pessoal que ele faz de bom grado, um baixo e compensador preço a se pagar por não matar para se alimentar e evitar que milhares e milhares de hectares sejam desmatados para virar pasto. De novo, crenças a obscurecer os fatos.
Vegetarianos não matam para comer? Uma boa pratada de arroz com feijão nada mais é que um cozido de embriões. Sim, a semente guarda o embrião da planta, é o seu "ovo". Aquele broto que irrompe da terra surge como e de onde? Por mágica, de uma dimensão paralela? Uma porção de arroz com feijão pode ser facilmente comparável, do ponto de vista de mortandade, com uma porção de ovos de galinha, por exemplo, que foram cozidos com os pintinhos dentro. 
Vegetarianos reduzem desmatamento? Será que os comedores de capim acham que milhões e milhões e mais milhões de hectares de milho, soja, trigo etc nasceram naturalmente ali? Que não houve erradicação da mata nativa e, consequentemente, de toda a vida animal e microscópica que a ela se associava? Aliás, há estimativas concretas e confiáveis de que não haveria terra cultivável o suficiente se toda a população humana se tornasse vegetariana.
Ainda assim, ainda acuado, o vegetariano não desiste e lança mais uma cartada : mas, pelo menos, o vegetal não sofre, não sente dor.
Aí, é que o safado do vegetariano consegue (conseguia) se safar de mim. Eu acredito - sempre acreditei - que a planta, sendo um ser vivo, tem, sim, uma consciência, que é senciente, que é capaz de perceber o meio em que está, de captar e de reagir aos estímulos do ambiente. O fato de não percebermos, por parte de uma árvore, por exemplo, qualquer sinal de desconforto, dor, ou sofrimento, ao ter um galho arrancado, ou ao ser derrubada por uma motossera, não significa que ela não o esteja sentindo. Não significa, inclusive, que ela não esteja manifestando essa dor, não significa que ela não seja capaz de expressá-la. 
Só significa o que eu disse : que nós, humanos, não percebemos, limitadíssimos que somos, não conseguimos captar na planta algum sinal de dor, não somos equipados para detectar e reconhecer tais manifestações. A limitação é nossa, não da planta.
Só que, até então, eu não usava esse argumento contra o vegetariano, simplesmente por ele não ser exatamente um argumento, algo investigado e confirmado pelo método científico, mas, sim, uma crença minha. E não sou incoerente a ponto de combater uma crença com outra.
Sempre imaginei que a planta pudesse emitir algum som que sinalizasse sua dor, um som de frequência inaudível por ouvidos e maquinários humanos; ou alguma bioluminescência de comprimento de onda também indetectável por vistas e traquitanas humanas; ou, o que sempre me pareceu mais provável, que lançasse ao ambiente alguma substância química com o objetivo de rechaçar o seu algoz.
E não deu outra! Trago-lhes más novas, comedores de alfafa. Vocês estão fudidos na minha mão. Mais uma vez, uma crença, uma percepção minha de mundo, se faz em Ciência.
Pesquisadores da Universidade do Missouri (EUA) concluíram que vegetais "sofrem" ao virar alimento. Elas conseguem ouvir ao serem comidos por lagartas e, mais que isso, reagem à ação predatória. Estudos anteriores já haviam provado que plantas reagem ao som, mas essa foi a primeira vez em que uma resposta a esse som foi detectada por pesquisadores. Os vegetais liberam substâncias químicas para afugentar os seus predadores. As substâncias químicas liberadas são o grito de dor deles, o choro, o ulo lancinante.
"Nosso trabalho é o primeiro exemplo de como os vegetais respondem a uma vibração ecologicamente relevante", disse Heidi Appel, integrante do estudo.
Vibração ecologicamente relevante? Muita viadagem pro meu gosto. Mas o que importa é que está provado que vegetais também sentem dor ao ser devorados e reagem a ela. Também gritam, berram e esperneiam, tentando se livrar do suplício.
E tudo isso provocado por uma simples lagarta. Imaginem, então, o quão seria terrível se pudéssemos ouvir o grito de milhares e milhares de pés de milho, soja, café, trigo etc ao perceberem as lâminas de uma colheitadeira a lhes ceifar a vida? Ao ser colhida, uma grande plantação nada mais é que um imenso matadouro silencioso de ovelhinhas, que são degoladas, desmembradas e esquartejadas sem emitir um único som.
Quem disse que as rosas não falam? Se você não as escuta, repito, é por limitação sua, não delas; ou, é porque elas não falam com VOCÊ, porque estão cagando e andando para as suas queixas de amor.

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3 Comentários

  1. E eu estou igual ao cavalo do militar em dia de desfile cívico para as suas constatações.

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    1. tá sendo montado, esporeado e fodido por mim, né?
      sonho seu, sonho seu...

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    2. Sabia que você gostava de homem

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