Pipas de Pré-Agosto

Pré-agosto,
Pré-cachorro louco,
Mas os ventos secos e prenhes de poeira e fuligem
Já chegaram,
Já picam, aferroam,
Racham e fazem sangrar
Olhos, lábios e narizes.
Que na terra devastada
Só as adversidades se cumprem
Só a desgraça se adianta.

Férias escolares,
Pipas brilhantes e multicolores
Escrevem alfabetos ininteligíveis no quadro-azul dos céus.
Do outro lado da linha 10 de 500 jardas,
A pequena mão do menino descalço,
A pobreza monocromática e em tons pastéis.
Que aspira em alçar voo,
Em se aproximar  mais do azul,
Mas que sabota a si mesma,
Que ceifa os próprios sonhos,
Que corta os próprios pulsos
Com suas linhas de cerol.

Que ao ser humano
Exaspera o belo, o plácido,
O altaneiro, o contemplativo.
Que ao bicho homem
Só satisfaz e aconchega
O bélico, 
Os escombros,
O raso chão.

Postar um comentário

1 Comentários

  1. Meninos e só meninos, sempre meninos é o que seremos. "Escrevem alfabetos ininteligíveis no quadro-azul dos céus." :)
    "J"

    ResponderExcluir