O Efeito Avô Babão

As fêmeas da espécie humana parecem ser as únicas que não mantêm suas capacidades reprodutivas por toda a vida, as únicas que encaram a temível menopausa, mais temível até para os homens que convivem com elas.
Para explicar essa disparidade em relação às outras espécies, muitas teorias já propuseram o conceito batizado de "efeito avó", segundo o qual as mulheres perderiam sua fertilidade ao atingir uma idade em que não fossem mais capazes de acompanhar o desenvolvimento de sua cria, ou seja, quando estivessem numa idade em que, provavelmente, morreriam antes do desenvolvimento completo de sua prole. 
Além disso, dessa forma, ficariam disponíveis para ajudar na criação dos filhos das fêmeas mais jovens. Daí o nome "efeito avó", aquela avozinha clássica, que fica em casa fazendo tricô, divertindo-se com os netinhos, fazendo pipoca e bolinhos de chuva para eles, e não essas avós ditas moderninhas de hoje, de minissaias, barriguinhas (e aqui fui extremamente gentil) de fora, tatuagens, frequentadoras de "baladas", ou seja, não esses biscatões "véios".
Para mim, tem lógica, faz muito sentido, o "efeito avó".
Agora, uma equipe de especialistas em evolução genética da McMaster University, no Canadá, vem dizer que não é nada disso, que não tem nada de "efeito avó", tem é de "efeito avô", "efeito avô babão", para ser mais exato.
Segundo estudos desses pesquisadores, a menopausa é culpa, vejam só, nossa, dos homens. Nós, homens, seríamos os responsáveis pelo fim da fertilidade da mulher. Até parece coisa de feminista suvacuda.
Eles afirmam que o fato dos machos humanos terem preferência por fêmeas mais jovens levou, evolutivamente, a um bloqueio da capacidade reprodutiva das fêmeas mais velhas. Se elas, a partir de uma certa idade, não são mais procuradas pelos machos, não faz mais sentido, e nem é compensatório, em termos de gastos energéticos do organismo, que permaneçam férteis, ovulando, perdendo células e sangue.
Ou seja, segundo esses pesquisadores do Canadá, a vovozinha fica seca porque o vovozinho fica babão e sai à cata de rabetas mais suculentas e peitinhos mais empinados e balouçantes. Que coisa feia, vovô!
A pesquisa canadense foi liderada por Rama Singh, que me deixou em dúvida com esse nome, não sei se é uma mulher (e aí faria todo sentido o aspecto tendencioso do trabalho), ou se é um macho submisso a fazer graça para agradar às mulheres.
Felizmente, ainda há os sensatos no meio científico. Maxwell Burton-Chellew, biólogo evolutivo do Departamento de Zoologia da Universidade de Oxford, rebateu essa teoria - e Oxford é Oxford, ora porra, e biólogo evolutivo inglês é biólogo evolutivo inglês, parente do próprio Darwin.
Com toda fleuma e precisão britânica, Burton-Chellew vai direto ao óbvio, ao evidente : não tem nada de efeito avô babão, a mulher não perde a fertilidade porque o macho deixa de buscá-la, mas, sim, o macho deixa de buscá-la porque ela fica menos fértil com a idade, e a natureza prima pela eficiência. Se uma cópula com uma fêmea mais jovem é garantia probabilística de uma maior, melhor e mais bem cuidada prole, é com ela, a fêmea mais jovem, que o macho vai trepar.
Discordo, no entanto, da afirmação dos cientistas em geral, sejam britânicos ou canadenses, com a qual inicei essa postagem, a de que a fêmea humana não se mantém fértil até o fim da vida. Ela se mantém, sim. Até além do fim da vida, eu diria. E explico. 
O que esses cientistas parecem esquecer é que o corpo humano não foi "programado" para durar 60, 70, 80, ou mais anos. Que essa longevidade foi obtida artificialmente, ao nos isolarmos do mundo natural - dos predadores, das limitações de espaço físico e de alimento, dos rigores do clima - e através do desenvolvimento das ciências médicas.
Em condições estritamente naturais, raro seria um humano que transpusesse a barreira dos 40 anos, ele seria um autêntico Matusalém. A exemplos, a expectativa de vida no neolítico (vulgo período da pedra polida) era de 20 anos, e de 30 anos - sim, apenas de 30 anos - na Grã-Bretanha medieval.
Em ambiente natural, homens e mulheres morreriam com 30 anos ou menos, e, portanto, a mulher jamais conheceria a menopausa, seria fértil, sim, até o fim da vida; aliás, a natureza até lhe deu umas décadas extras, uns anos de lambuja.
Mas ainda que a culpa fosse mesmo do vovô babão, a caçar carnes mais tenras e peitos mais cornucopiosos, quem seria capaz de condená-lo, que júri do planeta, com muita inveja, não o absolveria?
A Marreta do juiz seria categórica à sua batida : Absolvido! Por unanimidade evolutiva!
Fonte : BBC Brasil

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2 Comentários

  1. Não é preciso ir muito longe. Aqui no Brasil, a expectativa de vida até os anos de 1960 era de 40 anos. E até os anos de 1960, a maioria da população brasileira morava no campo, sujeito então às intempéries da natureza.
    Agora, essa história de vovô babão ficar atrás das chapeuzinhos é muito ridícula. Ainda bem que o capitalismo colocou esses idiotas em seu devido lugar, ou seja, as jovens de carnes mais duras e peitos apontando para o céu só ficam com os vovôs quando esses podem bancá-las=$. A vingança das vovós traídas kkkkkk. E para piorar a sua situação, as vovós também preferem as carnes duras dos mais jovens com o membro apontando também para o céu! kkkkkkk, é claro que muitas vezes, em troca de $.

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    1. Na verdade, a expectativa de vida do brasileiro na década de 60 era um pouco maior, próxima aos 50 anos, mas ainda assim a maioria das mulheres (e, por conseguinte, dos homens) escapava da menopausa.
      Olha, já está mudando também essa coisa do vovô ter que pagar por bucetinha nova, com essa onda de viadagem que assola o planeta, já vejo muitos casos de mulheres mais novas com homens mais velhos pelo simples fato de que eles são homens, pelo fato de que a mulher precisa de um homem pra chamar de seu, de uma espada para defendê-la do dragão da solidão. Grande Erasmo!
      E quanto ao membro apontando para o céu, direto pro cu de deus, depois que inventaram o viagra, qualquer velhinho pode voltar a ter.

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