Encheu O Cu De Dinheiro

O mundo - as pessoas - estão cada vez mais sensíveis, mais recatadas, mais e mais delicadas em seus brios, qualquer coisa ofende e macula suas impolutas honras. Uma viadagem só.
Ou, na verdade, assim se dizem, de honra ferida, para ganhar um dinheiro fácil processando àqueles que, supostamente, teriam-nas ofendido, constrangido ou exposto à humilhação. 
Toda essa educação e finura, no entanto, é unilateral, os ofendidinhos não demonstram para com os outros a mesma finesse com que querem ser tratados, o que prova as suas imposturas.
E que porra de honra é essa que se lava com dinheiro, que porra de honra é essa que tem preço tabelado no Código Penal?
Honra se lava é num duelo ao pôr do sol, Clint Eastwood de um lado e Charles Bronson de outro; honra se lava é com sabre, espada ou florete a estocar célere o coração de seu detrator, touché.
Danos morais, merda nenhuma. É a porra do politicamente correto, o estatuto do canalha.
Parece-me ser esse o caso de um ex-motorista de ônibus da Viação Andorinha, que pôs a boca no trombone ao ser demitido, após quatro anos a serviço da empresa.
O sujeito não se contentou com o fundo de garantia e demais acertos da demissão, claro que não. Tinha que levar mais do cruel e injusto patrão.
Alegou, então, que foi submetido a grande humilhação em seu exame físico admissional.
Foi obrigado a passar por uma, e aqui são palavras do próprio, inspeção anal. Teve seu fiofó, o famoso roscofe, vasculhado prega a prega para que fosse verificada a existência de possíveis hemorroidas. O exame foi realizado na frente de outros candidatos à mesma função.
Demitido, processou a empresa e o Tribunal Regional do Trabalho (TRT), na pessoa do desembargador José Geraldo da Fonseca, disse que a empresa agiu fora de seus poderes.
Não concordo. Considero o exame do brioco totalmente procedente.
O sujeito passará horas e horas sentado a um volante, muitas vezes irá varar madrugadas no comando de um veículo, as hemorroidas certamente seriam um grande obstáculo ao exercício de sua função, um cu em couve-flor não iria ajudar em nada o seu desempenho, até poria em risco os passageiros. O cara tira uma das mãos do volante por uns poucos segundos, para dar uma coçadinha no toba e aquela ajeitada pra dentro nas hemorroidas, e pronto, está feita a merda, é o suficiente para ele não conseguir brecar a tempo ou se desviar de outro veículo.
O TRT não levou isso em consideração. E encheu de dinheiro o cu do ex-motorista. O ex- funcionário ganhou o processo que movia contra a empresa e receberá 8 mil reais de indenização pela devassa em suas pregas, por danos morais.
Não é um cu barato, admito, mas, repito, que porra de honra é essa? O cara recebe 8 mil pela dedada que levou no bufante e desaparecem toda a humilhação e constrangimento que ele diz ter passado? Duzentos e cinquenta reais por prega arrebentada e, presto, todo o trauma é sanado - sim, segundo o Inmetro, um cu em bom estado de uso e de conservação tem cerca de 32 pregas.
É o homem do rabicó de ouro.

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