O filme Barbarella, de 1968, adaptação homônima dos quadrinhos do francês Jean-Claude Forest, com direção de Roger Vadim e estrelado pela gostosíssima Jane Fonda, mostra, em uma de suas sequências, o Orgasmatron, máquina de nome autoexplicativo. Seu criador, o vilão Dr. Durand-Durand, prende Barbarella ao aparelho com a intenção de torturá-la, matá-la de gozo. Óbvio que Barbarella, com todo o fogo de sua "barbada", provoca um curto-circuito no aparelho, sobrecarrega todos os relés e fusíveis do construto.
Além de Barbarella, vários outros filmes de ficção científica (e até um de Woody Allen, Sleeper) também mostraram engenhocas para sexo sem a necessidade de contato carnal - não precisamos ir muito longe, a internet, hoje, já quebra o galho de muita gente. É mais uma previsão que sai da ficção e desgraçadamente passa para a realidade; se ainda não, logo, logo. Em breve, o sexo convencional será um ato por demais arriscado, já o é, e será mais.
A coisa começou a piorar com o surgimento do HIV. Com o advento da AIDS, comer um cuzinho se tornou um ato perigosíssimo, as chances de contrair o vírus pelo roscofe é muito maior que pela buça, mesmo usando camisinha, pois o risco de rompimento do látex é grande no sexo anal. A AIDS pôs em vias de extinção uma espécie muito abundante até a década de 1980, os Papa-Cus; hoje, papar um cuzinho é dançar em campo minado. E lá se foi uma das grandes alegrias do ser humano.
Agora, em reportagem de 25/05/11 publicada no site da BBC Brasil, um novo golpe é desferido na saudável perversão humana. Em uma década, triplicaram os casos de câncer de boca no país. Não só houve um aumento no número de casos como também - e principalmente - no perfil do paciente. Antes, o perfil predominante era do homem acima de 50 anos, tabagista e/ou alcoólatra. Hoje, a doença atinge um público mais jovem, entre 30 e 45 anos, que , em muitos casos, não são fumantes nem pés-de-cana, mas que fazem sexo oral desprotegido com várias parceiras. Como faz para se proteger no sexo oral?
O câncer, nesses casos, é causado pelo vírus HPV, o mesmo do câncer do colo do útero. No Hospital A.C. Camargo, em São Paulo, 80% dos tumores de orofaringe têm associação com o papilomavírus. Há dez anos, essa associação existia em 25% dos casos. A vacinação em homens não é eficiente; para as mulheres ela só é fornecida na rede privada e tem custo de R$ 900,00.
Primeiro, foi-se o cuzinho. Agora, nem mais uma bucetinha podemos chupar. Mais uma espécie nativa da fauna nacional poderá entrar em vias de extinção, os Lambe-Xanas. As calcinhas virão com advertência do Ministério da Saúde : chupar buceta pode causar câncer de boca. Será inutilizado um dos maiores trunfos do homem numa relação sexual, a língua. Quantas e quantas fodas já não foram salvas pela providencial ação da língua? Cartazes de prevenção nos postos de saúde e espalhados pelas escolas : quem vê buceta, não vê HPV.
Primeiro, o cuzinho; agora, a bucetinha...
Em breve, estaremos todos condenados ao Orgasmatron, os que tiverem poder aquisitivo para tal eletrodoméstico; aos que não, sobrará a boa, velha e pré-histórica punheta.
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