ASAS III

Mal nasceste no ontem-geológico, desajeitada lagarta;
Os orgulhosos e indestronáveis reis-dinossauros jazem petróleo,
A própria Terra é um feto malformado
Na barriga da criança Via-Láctea,
Menina mimada, precoce e promíscua.

Sóis mais quentes que qualquer dos teus infernos pessoais
Rebentam sem parar do forno das nebulosas;
Outros se extinguem impotentes,
Somem no piche da matéria escura
(Nenhum cometa guarda luto por eles,
nem feixes de raios gama dão salvas de 21 tiros em homenagem),
Buracos negros mastigam galáxias e deuses.

Por que achas, desarticulada lagarta,
Que um mero desejo teu não satisfeito
Possa ser de maior relevância ao Cosmos
Que um onipresente átomo de hidrogênio?
Por que achas, Ícaro imaturo e birrento,
Que o derrear das tuas asas 
Deva figurar nos obituários do Universo?

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