Uma  gravação feita numa sala de aula do Colégio Técnico de Limeira (Cotil),  que é ligado à Unicamp, mostra um professor fumando cigarros e pitando  num narguilé, um tipo de cachimbo árabe, aquele no qual a lagarta muito  doida de Alice No País das Maravilhas tá sempre mamando.
A  denúncia foi feita por uma mãe que viu o vídeo no computador do filho. O  caso chegou ao Ministério Público, pois o incidente desrespeita a lei  antifumo, o estatuto da criança e adolescente etc etc, e o colégio diz  que a situação será tratada pela Unicamp. É óbvio que vão fritar o  professor, a cabeça dele vai rolar, como, de novo, em Alice. E nada mais  lógico e justo, certo? 
Não.  Não acho tão lógico assim! Antes, vejamos : por que punir esse  professor se ele é exatamente o tipo de "mestre" que  o Estado, o MEC e a  própria sociedade tanto valorizam e dão preferência?
O  Estado atrai esse tipo de lixo com os baixos salários que oferece.  Falar de salário é chato e fica parecendo aquela coisa repetitiva, mas  não tem como, tudo passa e se inicia pela remuneração. Baixíssimos  salários "selecionam" a escória de qualquer categoria profissional.  Reduzam, ao vergonhoso, o salário de um juiz de direito, por exemplo, e,  em pouquíssimo tempo, qualquer rábula, advogadozinho de porta de  cadeia, estará vestindo a toga e empunhando um martelo; então, já começa  daí, esse professor é um lixo, mas é pelo que o Estado paga.
O  Ministério da Educação e Cultura (MEC), por sua vez, também muito  contribui para a formação de mais e mais lixo. Por puras indiferença e  desfaçatez, ou convencido por altas propinas e subornos, o MEC aprova  cada vez mais a abertura do que eu chamo de Faculdades R$ 1,99, as tais  faculdades à distância, online, com aulas gravadas por um bando de  robôs, uns androides, uns bladerunners com memórias de quando ainda eram  professores de fato, antes da cooptação.
E  90% desses cursos são de, surpresa, peidagogia. E aí entra o componente  final e catalisador do surgimento dessa ralé de "educadores". Os cursos  de peidagogia, entre outros e inumeráveis absurdos, pregam a máxima de  que professor tem que ser igual ao aluno, tem que falar a linguagem do  aluno, tem de ser amigo do aluno, que não pode haver uma distância entre  docente e alunado. Tem que ser igual porra nenhuma, aliás, quanto maior  for a distância entre professor e aluno, melhor o rendimento. Só que  esse cara - não sei a idade do professor doidão - já deve ter crescido e  estudado num ambiente zoneado desse, aí entra para uma faculdadezinha  R$ 1,99 e fica anos ouvindo tal tipo de disparate, resultado : o cara  acredita piamente que está fazendo o certo, acredita mesmo, tenho  certeza de que um cara desse passaria tranquilamente  por um detector de  mentiras. Então, nada de mais ele puxar um fuminho com os alunos. 
O  aluno e sua família, via de regra, também admiram essa modalidade de  educador. Façam uma pesquisa no Cotil, uma pesquisa de preferência e  popularidade entre os alunos, os chamados Ibopes, comuns nas escolas  particulares. Façam,vocês, a pesquisa. Eu nem preciso, já sei o  resultado. O puxador de fumo ocuparia as primeiras colocações entre os  mais populares e queridos pelos alunos, se não a primeira; os últimos  lugares seriam, se é que ainda existem, dos professores de verdade, dos  mais tradicionais, dos sérios, dos corretos, os famosos "chatos", na  boca dos alunos. E as mães não ficam atrás. Quando eu avaliava meus  alunos seriamente, era enorme o número de mães à-toa que vinham me  xingar por causa da nota vermelha de seus bebezinhos. Parei com isso,  não dou mais nota vermelha hoje, os bebezinhos e suas mães que arquem  com as consequências de suas escolhas, que sejam eternamente enganados  se é o que querem. 
Esse professor está errado, e ponto final! O  chupador de narguilé tem de ser severamente punido. A questão é : por  quem? Por um Ministério Público que permite a veiculação de programas do  calibre de um Big Brother e a pedido de pais que, provavelmente,  assistem ao Big Brother junto com seu filhinho e, se bobear, até votam  no "paredão" para escolher o vagabundo, ou a biscate, que ganhará o  milhão? Pelos representantes legais de uma sociedade que aplaude toda  sorte de licenciosidade e que sustenta meios de comunicação que induzem  seus filhos à prostituição? Para mim, está claro que não pode ser.
A questão é que não há, nesse país, nenhuma instituição - governo ou família - portadora das necessárias moral e isenção para punir esse professor. Torço, sinceramente, para que essa mãe e seu filho sejam exceções ao que eu disse , para que sejam das raras pessoas ainda comprometidas com a boa educação nesse país, e estejam cobrando honestamente seu direito, torço mesmo por eles, como sempre torço pelo bom.
A questão é que não há, nesse país, nenhuma instituição - governo ou família - portadora das necessárias moral e isenção para punir esse professor. Torço, sinceramente, para que essa mãe e seu filho sejam exceções ao que eu disse , para que sejam das raras pessoas ainda comprometidas com a boa educação nesse país, e estejam cobrando honestamente seu direito, torço mesmo por eles, como sempre torço pelo bom.
Reitero  : esse traste deve ser penalizado. Ele deve ser punido, sim. Mas não pelo Estado e  pela sociedade desaculturados, permissivos e hipócritas que o criaram.
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