Ao   longo de minha vida escolar, já decorei tabuada, conjugação de verbos,   regras gramaticais, fórmulas de matemática, de química, de física,  nomes  em latim da biologia, datas históricas, capitais de estados e  países, e  até os afluentes da margem esquerda do Amazonas. E para quê?,  gritam os  peidagogos de plantão, esses preguiçosos permisssivos, esses  filhos das  putas da educação. Onde se vai usar tudo isso, questionam  as  peidagoguinhas recém-formadas à distância e doidinhas para arrumar   marido? 
Para   que decorar?, devolvo a pergunta em tom de indignação pela dúvida de   quem pergunta. Simples : antes de tudo para saber, para conhecer, para   ter informações do mundo, pelo prazer em saber. Saber algo não implica   necessariamente em seu uso prático, podemos saber pelo simples prazer do   conhecimento. Nunca irei ao Nepal, mas gosto de saber que sua capital é   Katmandu; gosto de ir ao mercado e multiplicar de cabeça o preço   unitário da cerveja por doze, sem usar calculadora; gosto de comprar uma   banal água oxigenada na farmácia e saber o que são os tais 10 volumes;   gosto de assistir a um filme e saber "traduzir" sua data de produção,   que sempre aparece em algarismos romanos nos créditos finais; saber é   prazeroso, é legal. 
Em   segundo lugar que decorar é o melhor exercício que há para o cérebro. O   cara que pratica futebol, vôlei, basquete, ou qualquer outro esporte,   não passa o tempo todo só jogando bola, ele faz inúmeros outros   exercícios, que condicionam seu corpo, o deixam apto e com fôlego para a   disputa em si. Com o cérebro é a mesma coisa, independente de nossas   predisposições e preferências intelectuais, nosso cérebro tem que estar   sempre treinado a absorvê-las, tem de estar sempre de prontidão,   condicionado. E o melhor exercício para treiná-lo é a boa e velha   decoreba.
Decorar,  memorizar, dizem os peidagogos, é  um ato antipedagógico, arrepia os cabelos do cu deles, decorar é uma  afronta ao desenvolvimento cognitivo da  criança. Afronta é esse bando  de bosta ter um diploma universitário,  isso sim. 
Como   pedagogia é um curso para vagabundos, como é um curso para quem não  tem  nenhuma inclinação pelo estudo sério, esses sacripantas se "formam"  e  querem transformar tudo num grande curso de peidagogia, numa grande   merda. E lá vem eles com seu construtivismo, e lá vem eles com os seus   "saberes e fazeres", com suas "competências e habilidades", com seus   "mapas conceituais", com suas "matrizes de referência", com seus "eixos   cognitivos". Ora, enfiem seus eixos cognitivos no cu e rodem. Aliás,   enfiem todo o resto em seus cus acadêmicos. Que nada disso serve de   nada, fora dar emprego a orientadores, coordenadores de ensino e outros   idiotas.
Somos   macacos sem rabo, mas ainda - e sempre - macacos. Aprendemos por   imitação e repetição. Andar, falar, hábitos de higiene, regras sociais,  tudo, enfim.  Observação-repetição : é a via de absorção de informações  do cérebro.  Decorar, memorizar! O resto é balela, é encheção de  linguiça. Fui  educado assim e repito isso, incessante e inutilmente,  desde que comecei  na carreira docente : o que funciona é a bunda na  cadeira e os olhos nos  livros, por horas e horas, o resto é enganação.
Agora, uma pesquisa da Universidade de Purdue, Indiana, USA, e descrita na última edição da revista Science,   demonstra que decorar conteúdos é o melhor método de aprendizagem. A   decoreba foi confrontada com o construtivismo e obteve resultados 50%   maiores na fixação de conceitos, ou seja, a decoreba nocauteou o merda   do construtivismo, nocaute daqueles bonitos de se ver, aquele que pega a   ponta do queixo do sujeito e o derruba feito em gelatina, nocaute   inquestionável. Abaixo a reportagem completa, extraída do jornal "O Estado de São Paulo", de 24/01/2011
Memorização é o melhor processo de aprendizagem, diz pesquisa
Talvez    todos os seus professores estejam errados. Segundo  uma recente    pesquisa da Universidade de Purdue, descrita na última  edição da    revista Science, decorar conteúdos parece ser o melhor método de aprendizagem.  
Os    pesquisadores comprovaram que a memorização deve fazer parte do     processo de aprendizagem, ao contrário das práticas da pedagogia     moderna. Atualmente, baseados em conceitos trazidos grande parte pelo     construtivismo, os educadores incentivam os alunos a construírem o     conhecimento através de rotinas elaboradas de estudo voltadas à melhoria     da codificação da informação na memória. 
Os    métodos modernos incentivam os chamados "mapas conceituais", nos    quais  os alunos constroem diagramas ligando conceitos e construindo    ligações  entre ideias. Já pelo método da memorização, o estudante,    depois de  ler todo o material, deixa de lado o texto e tenta ver o que    consegue  lembrar (muitas vezes repetindo os conceitos até  memorizá-los   ou usando  técnicas como a fixação mnemônica). 
Os    pesquisadores testaram ambos os métodos pedindo para que um  grupo de    200 alunos estudasse matérias de diferentes ciências metade  usando o    método da memorização e a outra metade usando o método do mapa     conceitual. 
Depois    de um período inicial de estudo, os dois grupos lembravam a  mesma    quantidade de informação. Mas quando os estudantes voltaram ao     laboratório para uma avaliação de longo prazo, o grupo que usou a     memorização apresentou uma melhor retenção de 50% em relação ao grupo     dos mapas conceituais. 
 Para   os pesquisadores, os dados comprovam que, embora  não haja nada  de   errado com as técnicas elaboradas de aprendizado, é  importante    considerar abrir espaço para a prática da memorização.  Segundo a   equipe,  o desafio agora é encontrar maneiras mais eficientes e  viáveis   para a  retenção de informações.
0 Comentários