-  Só acredito em Deus numa única situação - começa Rubens e interrompe em  seguida, para mais um gole de whisky, e prossegue -, em um único  momento sinto a presença Dele, é quando meu pau tá duro, duraço,  latejando, roxo de quase estourar, só reconheço o semblante de Deus na  cabeça inchada do meu pau. E até isso vem acontecendo cada vez com menor  frequência - e emborca o resto do whisky, mais gelo que whisky.
Ante  o exposto, Brígida suspira - um suspiro de toalha jogada ao ringue - e  desiste de argumentar. Desiste mesmo de começar o boquete que tinha em  mente e colocar Rubens a postos para o segundo round. Puxa o lençol até a  cintura, vira para a parede, dá as costas a Rubens e procurará dormir.
Rubens não a demove, não tenta dissuadi-la.
Sai  da cama, pega o quarto de garrafa restante de cima do criado e sai para  a pequena sacada dos fundos, sai para a madrugada abafada, sem sereno  ou relento.
Sozinho. Sabe que ficará melhor sozinho hoje. A olhar para a cidade, para o firmamento, para tudo o que seus olhos conseguem captar. Sozinho mesmo. Não há a presença de Deus em nada do que vê, Rubens não O sente ou pressente em lugar algum.
Sozinho. Sabe que ficará melhor sozinho hoje. A olhar para a cidade, para o firmamento, para tudo o que seus olhos conseguem captar. Sozinho mesmo. Não há a presença de Deus em nada do que vê, Rubens não O sente ou pressente em lugar algum.
Nem na cabeça do seu pau, essa noite. 
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