É Isso Que Dá Parar Com A Homeopatia

Ontem, meu filho me destroçou. O Raul tem 9 meses, 10 kg de puro movimento e energia para tocar uma pequena termoelétrica; e eu, essa pouca cinza fria.
Não sei o que levou a quê. Se a exaustão física que minou minhas defesas e facilitou o assédio micro-orgânico, ou se a ação ainda incipiente de algum vírus, durante o dia todo, que me pôs fisicamente de quatro, arreado.
O que sei é que acordamos, eu e minha esposa, às quatro da manhã, com a prometida chuva da tarde. Eu corri à sacada para retirar a ração e a caixa de areia das gatas e já senti todos eles em mim, todos os sintomas de uma infecção viral : músculos fisgados por choques elétricos a cada contração, cabeça pesada, dolorida, o ar entrando quente pelas narinas e, o mais irrefutável deles, o saco murcho, pendente, escorrendo do meio das pernas, uma coisa triste de se ver.
Ao longo dos anos, desenvolvi uma escala termométrica baseada no estado de langor escrotal e o quadro verificado nessa madrugada sugeria temperatura corporal em torno de 38,5º C, com possível desvio de 0,2 ºC, para mais ou para menos.
Não tive ânimo para saudar a tão esperada chuva nem prestar respeitosa reverência a Thor. O corpo só queria voltar para a cama e se fundir ao cobertor, formar uma crisálida com ele. E foi o que eu fiz.
A verdade é que eu, passado dos 40 anos e esquecido disso, relaxei na profilaxia, prevariquei de meu tratamento homeopático. Até há uns dois meses, bebia todas as noites, metodicamente, de 2 a 3 latas de infusão de cevada em álcool a 5%, a famosa cerveja, e nem um mal me acometia há tempos.
Não digo que tenha zerado, abandonado de todo a terapêutica, mas reduzi bem. E o resultado está aí, ou melhor, aqui.
Pode ser uma gripe comum, pode ser a tal da suína, pode ser dengue... a natureza anda pródiga em patógenos invisíveis.
Meno male, estou de férias, ops, de recesso, e posso distribuir minha escassa energia entre cuidar do Raul, combater o agente infeccioso nas horas vagas e dar também uma forcinha para minha esposa, que, descobriu hoje, está com dengue. Além disso, sempre fui essa miséria orgânica, de modo que estou acostumado e hábil a me virar com pouco. Mas o fato é que a uruca anda braba aqui em casa. Tá precisando vir uma benzedeira aqui, um padre exorcista, um pajé, um xamã, um druida, um babalorixá, a puta que o pariu.
Vendo o lado bom, ganhamos, os três, umas férias inesperadas, longe das ideais, mas das quais tentaremos tirar algum proveito. Hoje terá sopa de tomate (daqui a pouco) , chocolate quente mais tarde e, se o corpo permitir avançadas horas, quem sabe, um bom filme na TV.
Correção: o Raul pesava 10 kg ontem; hoje, com essa minha penúria fisíca, ele deve estar beirando os dezoito.

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