Na Esquina do Horizonte Com Seus Olhos, Picho o Muro Pra Você Se Lembrar...

Infelizmente, a arte do grafite (muito diferente da pichação) não é muito difundida aqui em Ribeirão Preto, SP. Aliás, nenhuma forma genuína de arte o é por essas tristes plagas. Só se considerarmos rodeios, shopping centers, bares, restaurantes e baladas como formas de arte.
Não sei se ainda, mas houve um tempo em que Ribeirão era chamada (autochamada, acredito) de a "capital da cultura". Só se for da monocultura. Nos primórdios de sua fundação, a do café, e, hoje em dia, a da predadora cana-de-açúcar.
Ribeirão sempre foi uma província de rastaqueras, de novos ricos pedantes e débeis mentais. Gente que come merda e arrota...merda. E o cheiro lhes parece perfume francês.
Mas, ao andarmos pelas ruas, ainda é possível, vez ou outra, que sejamos atingidos por leves sopros perfumados de alguma beleza e sensibilidade, dado-nos gratuitamente por alguns beneméritos do talento e do bom gosto.
É o caso da moça (acredito que seja uma mulher) que assina suas obras, seus murais de rua, como Joy Morrison. Gosto demais das figuras dela. Todas mulheres. Mulheres em tons pastéis de azul e verde que lembram ninfas, sílfides, entidades etéreas. Algumas chegam a me evocar a Orquídea Negra, de Dave McKean.
Nessa primeira postagem do que eu pretendo que seja uma nova seção do blog, um respiradouro, um espaço menos pesado, colocarei uma de suas obras, em uma foto tirada hoje por mim, na volta do trabalho.


São detalhes da paisagem urbana como esse, só percebido por quem anda a pé, juntamente com uma quaresmeira-roxa aqui, um reseda-rosa acolá, que ainda dão algum alento aos nossos frenéticos e insanos dias.

em tempo : o título da postagem são os versos iniciais da belíssima canção Graffitti, de Guilherme Arantes.

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