A Bichinha Ponstan

Afora uns quatro ou cinco casos, que comentam com mais frequência no blog e sempre se identificam, nada sei a respeito dos leitores do Marreta. Quem são, de onde são, que idades têm, suas profissões etc. Não sei nem mesmo quantos leitores tenho ao certo, pois a grande maioria, acredito, passa por aqui sem nunca comentar nada, sem deixar pegadas ou rastros de suas visitas. E há uns poucos que comentam esporadicamente, beeeem esporadicamente, inclusive, alguns dentre esses poucos, pedem para que seus comentários não sejam publicados; no que são sempre atendidos.
Um desses casos é o de uma professora que acompanha (não sei com que constância) o blog  há alguns anos, praticamente desde o seu começo. E é só o que sei dela, que é professora e que atua tanto na rede pública quanto na particular. Não sei a disciplina que leciona, não sei qual a idade dela, a cidade ou estado em que reside etc.
Ontem, depois de muito tempo sem dar sinal de vida, ela fez um longo comentário na postagem Homens Grávidos de Ribeirão Preto Também Querem se Vacinar Contra o Vírus Chinês, na qual eu destilo meu habitual (e inútil e inócuo) veneno contra a maledeta ideologia de gêneros. 
Primeiro, declarou-se igualmente desanimada com essa pandemia premeditada de boiolagem que assola o planeta, ou, ao menos, o mundo ocidental, e, depois, contou um caso relacionado ocorrido em uma escola particular de ensino médio em que leciona. Como sempre, pediu-me para não publicar o comentário, mas autorizou-me, caso eu quisesse, narrar o incidente ao estilo Marreta. 
Claro que eu quis. E o batizei de A Bichinha Ponstan.
Ela não testemunhou o acontecido, mas o mesmo lhe foi contado por um fonte fidedigna, a coordenadora da escola, que participou ativamente da mediação do conflito iniciado numa aula de Educação Física, professor homem, macho das antigas. Vamos ao infausto.
Iniciadas as atividades da aula, o professor notou que um dos alunos não se juntara à turma, ficara sentado, quieto a um canto da quadra. O professor se dirigiu até ele e perguntou : "ô, fulano, você não vai participar da aula hoje, está com algum problema?". Aliás, "ô, fulano", não : "ô, fulana"! Que o (a) jovem já obteve, há algum tempo, o direito de ser matriculado e constar da lista de chamada com o seu "nome social". 
Para quem não sabe, nome social, a exemplo hipotético, até porque ela não citou mesmo nenhum nome, é o sujeito nascer com uma rola e se chamar Sebastião, mas "sentir" que aquilo é um grelo hipertrofiado e ter o direito de ser chamado de Fabíola.
"Ô, Fabíola, você não vai participar da aula hoje, está com algum problema?", voltando ao professor. Fabíola respondeu que estava com fortes cólicas. Inocente, puro e besta, o professor julgou que fossem cólicas intestinais. Perguntou se ela comera algo diferente, que pudesse estar estragado, se queria que ligassem para a casa dela. Fabíola revelou, então, ao estupefacto mestre, que eram cólicas menstruais, comuns a ela naquela época do mês. O incidente se deu em maio desse ano.
Imagino a cara de "ai, meu saco..." do professor.
Munindo-se da paciência de um Jó - a nossa maior arma hoje em dia -, o professor explicou que acreditava que ela estivesse, de fato, sentindo dores, mas que não poderiam ser cólicas menstruais, porque, apesar de preferir ser vista e tratada como uma menina, ela nascera com aparelho reprodutor masculino, e homens não menstruam.
Pronto! Foi o que bastou! A merda tava feita e espalhada! Foi aí que se deu a desgraça do professor! 
Fabíola ficou indignadíssima! Saiu pisando duro e rebolando da quadra! Poucos minutos depois, veio um inspetor e disse ao professor que ele estava sendo aguardado na sala da direção. Chegando lá, o circo estava armado. Fabíola sentada de cabeça baixa e choramingando numa cadeira mais ao canto e a diretora e a coordenadora postadas à mesa no centro sala, feito duas Torquemadas.
Pacientemente, o professor contou toda a história. Reiterou que nunca pôs em dúvida as dores da aluna, nunca insinuou que fosse algum ardil para escapar à aula de Educação Física, que, inclusive, oferecera-se para tentar entrar em contato com algum familiar etc.
"O problema, professor - começou a diretora -, é que a aluna está dizendo que o senhor falou que ela não é uma menina". 
Mais pacientemente ainda, de novo, o professor explicou (e precisava?) que, apesar dela preferir ser vista como uma menina, ela não tem útero, não ovula, enfim, não pode ter cólicas menstruais.
Então, Fabíola, que até então estava quieta, gemeu mais alto, gritou que as dores estavam insuportááááááveis... Sem saber o que fazer - na verdade, sabendo exatamente o que fazer, mas impedida pela lei -, a coordenadora falou pra Fabíola que tinha um remédio para cólicas menstruais em sua bolsa e perguntou se ela queria tomar um comprimido, enquanto a escola entrava em contato com seus pais. Fabíola disse que sim. A coordenadora abriu a sua bolsa, pegou uma cartela de comprimidos Atroveran e a estendeu à Fabíola.
No que viu o Atroveran, Fabíola fez cara de decepção e de menoscabo e falou : "pra mim, só faz efeito o Ponstan!!!
Pããããããta que o pariu!!!! É a bichinha Ponstan!!! Atroveran é coisa de bicha pobre!!! De bichinha pão com ovo!!!
Resumindo a palhaçada, acabou que o professor teve sorte, muita sorte, mas muita sorte, mesmo. Os pais conversaram reservadamente com ele, sem a presença da Fabíola, entenderam as colocações do mestre, mas pediram que ele, em qualquer outra ocorrência do tipo, encaminhe Fabíola diretamente para a coordenadora. Sorte pra caralho do professor. Fossem, os pais da Fabíola, do tipo que compõe a maioria dos pais de hoje em dia, ele estaria fodido! Demitido na mesma hora! E respondendo a processo por xyzfobia!
À pedido da coordenadora, também ficou combinado que os pais, por via das dúvidas, sempre que Fabíola estiver próxima "daqueles dias", coloquem uma cartela de Ponstan no estoja da menina.
Pãããããta que o pariu!!!!
É como dizia aquela antiquíssima música dos Incríveis : "esse é um país que vai pra frente...ô ô ô ô ô".
Todo mundo batendo palma pra louco dançar!!!

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13 Comentários

  1. Brasil,um caso perdido? Ou fodido?

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  2. É rir pra não chorar, mestre. Ao ler o causo, Só lembrei do Costinha; fazia piadas, imitava, esculachava e de acordo com o que ele dizia, as bichinhas adoravam as presepadas. Ao menos , ele não presencia esses tempos nefastos em que vivemos.

    Aquele abraço!

    Cássio - Recife/PE

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    1. Rapaz, você pode nem acreditar, mas assim que acabei de ler o comentário da professora, esse final do "pra mim, só o ponstan faz efeito", na mesma hora, me veio a figura do grande Costinha contando essa história na forma de uma piada. E é verdade. As bichinhas e os travestis adoravam ele. Ouvi uma entrevista dele dizendo uma vez que tinha certos dias e horários de seus shows que as bichinhas e os travecos eram mais da metade da plateia. Eles e Elas assistiam ao show e depois iam trabalhar, fazer seus programas. Hoje, ele seria cancelado por essas bichas rançosas dos movimentos lgbt.
      Abraço.

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    2. Certamente, o velho Costinha , se pegasse um causo destes hoje em dia, faria uma piada esculachada de mais esse mau caratismo made in brazil. Dificil seria escapar de tanto patrulhamento em cima dele e de quem ousasse patrocinar suas apresentaçoes.

      Cássio - Recife/PE

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  3. Entendo a "luta por direitos" da bicharada,mas isso é extrapolar os limites do bom senso.
    O tal professor deve mesmo gostar muito do que faz ,porque depois disso,eu no lugar dele
    iria procurar minha turma(sairia dessa escola pra uma outra ou aposentadoria).Acho demais o sujeito na vida ,estudar X anos e trabalhar outros tantos dedicando-se a carreira,para a mesma ser comprometida(ou uma tentativa de comprometer) por um momento de merda desse.Ser desprestigiado depois de bons serviços prestados a essa escola.Isso tudo sendo coerente.Fazendo o certo.Pior que esse "esgoto" é tendência.A ponta do iceberg.Pode ter certeza que outros fatos desse tipo não faltarão.A depender deles você ainda vai escrever muito por aqui.Imagino se tal "ocorrência" fosse parar na imprensa-lixo que temos,a cabeça do tal professor seria servida numa bandeja.Essa gosma de merda lacradora vai ganhando cada vez mais espaço nas escolas brasileiras.Hoje é ensinado que ser homem é tóxico,(na minha idade nem acho ruim ,comemoro o fato ,segundo a lógica dos tempos atuais sou tão macho posso intoxicar alguém que não é).Temos
    e teremos uma geração de castrados psicológica,social e emocionalmente.
    Hoje em dia até os amigos,pelo menos os hipócritas e oportunistas,aderiram a moda.Quando você chama alguém de "viado",o cara te chama de homofóbico.Antes a resposta era mais cheia de testosterona:"Sua irmã vai bem?"
    Valeu Azarão,tô indo fazer compra:

    https://www.youtube.com/watch?v=wbQ49CBqeMs&t=11s

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    1. Concordo com tudo o que disse. O emprego e talvez até a carreira de um professor ir por água abaixo por conta de uma frescura dessa. O professor ou gosta muito de fazer o que faz, ou simplesmente não sabe fazer outra, e mudar de escola não adiantaria nada, a coisa tá disseminada. Como eu disse, considerando os frouxos dias atuais, ele teve muita sorte. Também pensei se isso chegasse à imprensa-lixo, mas, provalvemente, por ser uma escola particular, o caso foi abafado.
      O melhor de seu comentário : "e teremos uma geração de castrados psicológica,social e emocionalmente".
      Grandes Miele e Sandra Bréa. Já descasquei muito o inhame pra Sandra Bréa, com uma revista Playboy de 1981. Bucetão cabeludo e tudo!

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  4. Tá dificil! Esse caso é tão ridículo que só posso contribuir para torná-lo mais ridículo: vai ver a menina pensa que colica MENstrual é também coisa de Men, ou melhor de homens. O professor poderia ter contemporizado e dito que ela estava com cólica homenstrual.

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  5. Olá, Marreta.
    A maioria das pessoas chegam aos blogues por mero acaso, em pesquisas no Google, leem o que querem e vão embora. E, ora, é assim mesmo. Ainda bem que estamos sendo em úteis em algumas pesquisas.
    "E o batizei de A Bichinha Ponstan", vc poderia trabalhar com publicidade.
    Situação bizarra e que passaria desapercebida há alguns anos. Hoje, como vc mesmo disse, poderia dar problemas sérios, com demissão por justa causa e até com reflexos criminais ou de reparação civil.
    O mundo está louco. As pessoas se fingem de loucas. Algumas estão. Outras, fingem. A situação foi clara: a menina trans não poderia sentir cólica menstrual. Fim de papo. Mas não. Ela é louca. Os pais, idem. E diretora, creio, finge-se de louca. E por aí vai.
    Só não desejo um fim dos tempos porque tenho uma filha. Caso contrário, torceria pelo apocalipse zumbi o quanto antes.
    Abraços!

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    1. Sem dúvida que existem os verdadeiros casos de trans, hermafroditas, pessoas com distúrbios e disfunções hormonais, síndromes cromossômicas como a de Klinefelterf, mas, no caso, me parece mesmo frescura. Também acho que o/a aluno/a é louco/a. Os pais, me parece, não são loucos, ou teriam tomado atitudes mais drásticas contra o professor; os pais, acredito, tenham medo de falar sério com o moleque, de mandar ele virar homem e o tal entrar em deprê e, como está na moda, tentar até um suícidio pra chamar a atenção. Acho até que a situação mais complicada de todos nessa história seja mesmo a dos pais. A diretora, claro, se faz de louca, entra na onda para não perder o freguês, business is business.
      Eu não cheguei a dar aula para o fulano, mas em uma das escolas que lecionei tivemos uma vez um aluno com nome social, Débora. Antes da Débora chegar, a diretora conversou com os professores que iriam dar aulas para ela, falou que a "menina" era tranquila, bem feminina e tal. Feminina? Sem nenhuma sacanagem ou exagero de minha parte : ela tinha quase 1,90 m de altura e era a cara do ex-boxeador Holyfield. Por alguma razão, Débora ficou nem um bimestre na escola, era de fato comportada em sala de aula, muito educada e tudo. E tinha o direito de usar o banheiro feminino.

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    2. "Bem feminina": pega uma bola de basquete com as mãos.

      Os pais são frouxos. Ou apenas querem sossego, sabem com quem lidam. Sinto pena de pais que sofrem com esses comportamentos dos filhos. Espero não me tornar um deles.

      Certamente, todo o respeito do mundo. Tenho um colega gay que se assumiu trans (e, sim, é realmente BEM feminina, com rosto de mulher, tetão e tudo mais) e certo dia nos avisou chamar-se Melissa. Desde então, a chamo pelo nome que quer e uso pronomes corretos. Mas no dia em que ela criar problemas alegando cólicas menstruais, acabarei nossa amizade. Pessoas com esses comportamentos esquisitos podem nos trazer sérios problemas nos dias de hoje.

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    3. Concordo. São elas que têm comportamentos esquisitos e se nós acharmos estranho podemos nos encrencar. Também tenho alguns amigos gays, que moram com seus respectivos companheiros, frequentava por vezes (antes da peste chinesa) a casa deles com minha esposa e meu filho, mas são pessoas, de fato, normais, sem nenum tipo loucura ou afetação.
      Creio que vale sempre aquela máxima : o problema não é o viado, é a viadagem.
      O que será que o Everaldo acha disso tudo?

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    4. Everaldo é de boa. Em seu bar vai todo o tipo de gente.

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