Pedagogia do Choque

Piaget é o cacete! Montessori é o escambau! Vygotsky é a puta que o pariu! O negócio é a pedagogia Benjamin Franklin! A educação  pelo choque!
A escola Judge Rotenberg Center, de Massachusetts (EUA), venceu uma longa batalha judicial contra o FDA, o órgão estadunidense controlador de alimentos, medicamentos e equipamentos médicos, que a proibira de aplicar choques elétricos em seus alunos. Revogada pelo próprio FDA, a prática poderá voltar a fazer parte da rotina da escola.
Sete horas da manhã, hora da entrada; nove e meia, intervalo para um lanchinho; onze horas, hora de tomar uma eletrocutada.
A escola atende crianças e adolescentes com o que hoje é chamado de "necessidades especiais". Neste caso, o centro educacional é especializado em indíviduos diagnosticados com "comportamentos agressivos e de autoagressão".
O pedido para a volta dos choques elétricos na molecada partiu da própria escola (a única até agora a ter usado essa inovadora e visionária pedagogia) e dos pais dos meigos pimpolhos.
Ambos comemoram o ganho de causa concedido por um tribunal de apelações, que concluiu que o uso de choques elétricos pode ser considerado um tratamento médico. Declarou a escola : "Com o tratamento, esses residentes podem continuar a participar de experiências enriquecedoras, desfrutar de visitas com suas famílias e, o mais importante, viver em segurança e livre de comportamentos autoagressivos e agressivos"
Celebraram os pais : "Nós lutamos e continuaremos a lutar para manter nossos entes queridos vivos e em segurança e para manter o acesso a esse tratamento de último recurso que salva vidas".
Com a decisão do tribunal de apelações, a proibição ou não dos choques como terapia deixa de ser da alçada do FDA, e qualquer outra escola americana interessada no método desenvolvido pelo Judge Rotenberg Center poderá incluí-lo na sua grade curricular.
Imagino que o método deva tornar a vida dos professores e dos pais um verdadeiro mar de rosas, uma calmaria só. Dá um choque no capeta em forma de guri e ele desmonta na hora, fica com a musculatura toda frouxa e descoordenada, se babando feito boi, calminho que é uma maravilha, um anjo de candura.
Não só dou o maior apoio ao Judge Rotenberg Center como também creio que a pedagogia do choque deva ser implantada nas escolas brasileiras. E não apenas naquelas que lidam com crianças com necessidades especiais. Mas sim em todas as escolas deste Brasil dantes mais varonil. Públicas e particulares.
Afinal de contas, depois de quase três décadas de um ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e de uma LDB (Leis de Diretrizes e Bases da Educação) paulofreiristas, vermelhos até o olho do cu, todo aluno se tornou um ser com "necessidades especiais". Todos. Todos apedeutas, às vistas mal-intencionadas da lei, são fidalgos a serem tratados com todos os mimos e não-me-toques.
Se o moleque vive no mundo da lua, é "aéreo" pra cacete, não está nem aí para a paçoça, ai daquele (a) que falar que ele merece uma nota vermelha, uma reprovação, um chacoalhão para ver se ele vira gente, ai daquele (a)... leva até processo administrativo na cabeça, perde até o cargo. O menino não é áereo, não é distraído : ele tem TDA (Transtorno de Déficit de Atenção), com laudo médico e tudo. Corrigir o transtorno com mais disciplina? Com mais cobrança, atenção e pegação no pé por parte dos pais? Com castigos não físicos a impedi-lo temporariamente de atividades que lhe dê prazer? Porra nenhuma! Divã de psiquiatra e remédio tarja preta. E "cinquinho" de nota para ele ser aprovado no fim do ano.
Se o tal é um demônio em sala de aula, fala o tempo todo, atrapalha a aula, desacata o professor, ele não é um delinquente, não é um filho de um casal de ronca-e-fuça que vai botando filho no mundo e deixando pros outros criarem. Nada disso. O coitadinho é hiperativo. E mais divã de psiquiatra e tarja preta. E mais "cinquinho" de nota para ele seguir com a vida dele, enquanto atrapalha a dos outros.
E a coisa por aí vai. Inúmeros são os exemplos. O que tem de transtorno mental hoje em dia para justificar a vagabundagem de pais e alunos e mover a indústria médica e farmacêutica não está escrito em nenhum gibi. E, a todos, a lei protege e dá munição.
Uma vez que a lei ou transformou de fato todos os estudantes em debiloides mentais (com tantos direitos e ausência de limites), ou, ao menos, permite que todos se declarem como debiloides mentais para fugir às responsabilidades e às punições que deveriam advir de suas faltas e delitos, que todos sejam tratados, pois, como transtornados mentais, que todos sejam educados segundo a pedagogia desenvolvida pelo Judge Rotenberg Center. Pedagogia do choque em todo mundo.
Claro que, aqui no Brasil, o método teria que passar por algumas adaptações, por algumas adequações à nossa realidade, muito diversa da estadunidense. 
Por falta de verbas e de recursos, não poderá haver uma ou mais salas destinadas exclusivamente à aplicação dos choque, uma espécie de consultório médico com adequados equipamentos de última geração, como existem no Judge Rotenberg Center, também não haverá como o aluno receber uma atenção individualizada, nem mesmo haverá como o tratamento ser administrado por um profissional especializado.
Dando a minha desinteressada contribuição à Educação, sugiro aqui, então, como adaptar a pedagogia Benjamin Franklin à nossa realidade. Que dispositivos elétricos geradores de choque sejam instalados embaixo do assento de cada carteira escolar. Nem precisa ser um choque muito grande, não, uns 600 volts já estão de bom tamanho. Que cada um desses dispositivos esteja conectado a um grande painel na mesa do professor, com botões numerados de um a cinquenta, ou mais (tenho várias salas com mais de 50 alunos matriculados), e que os números do painel correspondam aos números de cada aluno na chamada.
A Jehnnyfer (assim mesmo, com h, dois "n"s e y) começou a falar alto, a dar alteração, a querer armar barraco? O professor aciona o botão e choque no toba dela. O Kauê (tudo com K, tem sala que tem três ou quatro Kauês com K) começou a escutar música no celular? Choque no toba dele. A turminha do W - os Washingtons, os Wellingtons, os Wesleys e os Wandersons - começou a querer jogar baralho? Choque no cu deles. É a carteira elétrica!!! Sem esquecer também dos Tiagos, dos Enzos, dos Yuris e das Kethlyns, para os quais cada escola teria de possuir sua própria usina hidrelétrica.
A pedagogia Benjamin Franklin melhoraria a qualidade da educação tupiniquim? Não. De jeito nenhum. Nada é capaz disso. Mas o professor sairia do trabalho de alma lavada. Não mais levantaria desanimado para ir à lida; muito pelo contrário, acordaria animadíssimo, cantando e assobiando, sabendo que, naquela auspiciosa manhã, iria fritar o toba do Gabriel, da Sthephany e do Deyvid.
Como se divertiria, o professor. Iria até abandonar o Rivotril e a Fluoxetina! 
Pããããããããta que o pariu se iria!!!!

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5 Comentários



  1. Olá, Marreta.

    Como dizia vovó: “Quem não apanha em casa, leva eletrochoque na escola”.

    Não lido nem nunca lidei com educação, mas conheço nomes como Piaget, Montessori e Vygotsky porque houve época onde pesquisei bastante acerca de educação, tentando compreender mais este mundo sombrio dos métodos educacionais infalíveis, quando simplesmente “sentar a bunda na cadeira e estudar” me parece mais simples. E sempre tive o incentivo de chineladas! Se bem que minha mãe é meio psicótica, mas as porradas serviram mesmo assim.

    Os pais de “Jehnnyfer” também merecem tratamento de choque pela escolha do nome.

    O americano médio ainda possui força frente ao Estado, afastando este de suas escolhas privadas e comunitárias e como ele acha melhor educar seu filho.

    Não sei se choque funciona. Acredito que eles devem saber o que fazem. Afinal, nunca mataram ninguém lá e os pais parecem gostar dos resultados. E acredito que são mais suaves do que as tacas que minha esposa aplica em minha filha quando esta foge da linha.

    Nunca bati na minha filha porque não me sentiria à vontade (sou frouxo para isso), tenho a mão pesada e já há quem lhe aplique os castigos devidos e proporcionais.

    Acho preocupantes as atuações, no Brasil, dos Conselhos Tutelares, Curadorias “do dimenor” e a existências de leis como a Menino Bernardo...

    Abraços!

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    1. "sentar a bunda na cadeira e estudar" é o que funciona, sem dúvida. Mas está longe de ser o mais simples para o povinho brasileiro. O mais simples é se fazer de coitadinho e receber tudo de graça, material escolar, transporte público etc. O mais simples é se fazer de vítima e depois ganhar uma cota na universidade pública para cursar sociologia ou pedagogia.

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    2. Para você ter uma ideia do resultado de toda essa permissividade na educação, aqui perto de casa há uma escola estadual de ensino médio (onde, inclusive, estudei há uns 40 anos) que tem, entre manhã e tarde, cerca de mil, mil e duzentos alunos. No começo deste ano, a direção mandou colocar uma puta duma faixa na frente da escola comemorando o ingresso de dois alunos (um menino e uma menina) na universidade pública. Dois em mais de mil. Claro que é motivo de festa para os alunos e suas famílias, mas para a escola, para a instituição pública? Tanto alarde por um "êxito" de menos de 0,2% mostra bem como está o caos da educação. Sem contar que o sucesso dos meninos, tenho certeza, é muito mais de dedicação pessoal que da própria escola. Esforço de cada um deles e de seus bons pais, que ainda os há, os bons pais.

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    3. E q Deus ilumine esses dois alunos para que continuem tendo sucesso na vida...

      Tenho 3 amigas (irmãs) que estudaram na rede pública por toda a vida. Os pais fabricam vassouras de palha para viver. Fabricavam.

      Duas foram aprovadas em Medicina na federal com 16/17 anos. São médicas hj. A outra cursou Direito e passou num concurso concorrido. Vive bem demais hj.

      Exemplos, há...

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    4. Esses tipos de pais e de alunos é que deveriam ser objetos de estudo da tal pedagogia e não os vagabundos dos quais ela adora se ocupar e colocar no colinho. Essas pessoas formidáveis conseguem vencer dentro de um sistema programado e planejado para que elas percam.

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