Todo Castigo Pra Corno é Pouco (27)

Genival Lacerda é paraíba masculino, cabra macho, sim, senhor. E, também, corno. Que o velho chifre não poupa ninguém, tampouco faz distinção de macheza, sotaques, regionalidades ou ritmo musical.
Genival Lacerda é, ou foi, corno, como nos relata no antológico forró "Radinho de Pilha". O paraíba vai pra cidade do Rio de Janeiro, trabalha duro como servente de pedreiro, faz serão, deixa de fumar, economiza, compra e manda um radinho de pilha (o que hoje seria o equivalente a um iphone) pro seu bem, que ficou em sua terra natal à espera de seu regresso. Esperando, sim, porém, não morta. E o que o corno descobre quando torna à sua terra? Que o rádio que ele deu pra ela, ela doou pra alguém. Ela deu o rádio e nem lhe disse nada, ela deu o rádio.
Genival Lacerda, o famoso Seo Vavá, é corno, mas não é manso, é dos brabos, é dos que saem dando chifradas em todo mundo. Ele alerta, prepara o terreno pro acerto de contas com a infiel : eu sou honesto, sou trabalhador, mas não gosto de deboche com a minha cara, não vou enfeitar boneca pros outro brincar, ninguém vai pintar o sete com esse pau de arara.
E não é corno de ameaçar, mas de cumprir com o que promete, é corno da mão pesada, de descer o sarrafo, é corno Lei Maria da Penha : eu não tolero tanto desaforo, tem mulher que só aprende quando o couro desce, pra gente ficar em paz, eu vou lhe dar uma sova, pois o rádio que eu comprei todo mundo já conhece.
Genival Lacerda está certo. Quando ele deu o radinho de pilha pra ela, só cabia pilha pequena, palito. Agora cabe pilha média e corre na cidade que tem cara enfiando até pilha grande.
Dá-lhe, Senador!

Radinho de Pilha
(Genival Lacerda)
Fui pra cidade do Rio de Janeiro
Trabalhei o ano inteiro e fiz até serão
A vida do Paraíba não foi brincadeira
De servente, de pedreiro pra ganhar o pão

Fiz economia, deixei de fumar
Comprei um rádio de pilha e mandei pro meu bem
Fiquei muito revoltado quando regressei
O rádio que eu dei pra ela, ela doou pra alguém

Mas ela deu o rádio
Ela deu o rádio e nem me disse nada, ela deu o rádio
Ela deu, sim, foi pra fazer pirraça, mas ela deu de graça
O rádio que eu comprei e lhe presenteei

Ela deu o rádio e nem me disse nada, ela deu o rádio
Ela deu, foi pra fazer pirraça
Ela deu de graça
O rádio que eu comprei

Eu sou honesto, sou trabalhador
Mas não gosto de deboche com a minha cara
Não vou enfeitar boneca "pros outros brincar"
Ninguém vai pintar o sete com esse pau-de-arara

Eu não tolero tanto desaforo
Tem mulher que só aprende quando o coro desce
Pra gente ficar empate, eu vou lhe dar uma sova
Pois o rádio que eu comprei todo mundo já conhece

Ela deu o rádio
Ela deu o rádio e nem me disse nada, ela deu o rádio
Ela deu, sim, foi pra fazer pirraça, mas ela deu de graça
O rádio que eu comprei e lhe presenteei

Ela deu o rádio e nem me disse nada, ela deu o rádio
Ela deu, sim, foi pra fazer pirraça
Ela deu de graça
O rádio que eu comprei e lhe presenteei
Para ouvir Radinho de Pilha, é só clicar aqui, no meu poderoso MARRETÃO.

Postar um comentário

1 Comentários