Receita de Mulher (I)

Vinicius de Moraes, sem papas na língua, órgão que, juntamente com os dedos, autodeclarou ter lhe sido de inestimável valia, logo no início de seu poema Receita de Mulher, manda na lata : As muito feias que me perdoem/ Mas beleza é fundamental.
Claro que o Poetinha, safado e mulherengo que só ele, numa primeira instância, refere-se à beleza física de fato, a das belas e bem fornidas formas, a das curvas e dos entroncamentos, a das protuberâncias e dos recôncavos femininos. Mas sendo poeta, e incapaz de se livrar de tal sina, nas entrelinhas do poema, ele pode muito bem estar a versar sobre a beleza metafórica do sexo frágil. Diria mesmo a beleza metafísica. A beleza inerente ao simples fato de se ter  nascido mulher. A beleza intrínseca e intransferível das habilidades, dotes e atributos de quem nasce mulher - a delicadeza, a sutileza, a sensibilidade, o esmero para consigo mesma e para com os outros, o gostar de cuidar, de aconchegar, de aninhar.
Em suma, a beleza e os encantos das prendas femininas, a quintessência da fêmea, a ser sempre guardada e preservada e mantida em perene estado de maturação em adega subterrânea, feito vinho raro de safra especial. A mulher nem precisa ser uma Afrodite. Se ela bem exercitar as suas prendas - e, lógico, tiver um bom "saculejo" -, o cara se apaixona da mesma maneira.
Acontece que, de uns tempos para cá, a expressão mulher prendada foi tornada em pejorativa. Virou sinônimo de mulher submissa, de Amélia, passou a ser rejeitada, a ser vista como um câncer pelas mulheres modernas e independentes.
Grande equívoco, meninas, essa confusão entre prendada e subserviente. E com sérias consequências para vocês mesmas, como direi mais a seguir. Um verdadeiro tiro no pé.
Equívoco propositalmente induzido pelas alas mais azedas, encruadas, recalcadas e rançosas do feminismo. As suvacudas que queimam sutiãs. Que apregoam que homens e mulheres são iguais. E tem uma mulherada burra que cai nessa esparrela, nessa conversa para boi dormir, e vai, aos poucos, se despojando de sua feminilidade, de suas prendas, de seus encantos. 
Homens e mulheres não são iguais, meninas! Ainda bem! Adoramos as nossas nada sutis diferenças. Homens e mulheres têm, sim, têm que ter, é indiscutível, direitos constitucionais iguais. E deveres, idem. Mas não são iguais. Isso é 171 de feminista sapatão que quer tornar homens e mulheres em inimigos. Para que lhes sobrem mais bucetinhas.
Toda essa minha lenga-lenga porque trabalho em ambiente predominantemente feminino. Muitas dessas mulheres com que convivo encontram-se na faixa etária compreendida entre o pós-balzaquiano e o pré-sucateamento. Ou seja, estão entre os 37, 38 anos e os 50, 50 e poucos. Ainda apetecíveis. Ainda dando um bom caldo. Muitas dessas são descasadas, ou estão avulsas, como preferem dizer. E a reclamação é geral e unânime entre elas : tá faltando homem na praça. Até que não é tão difícil encontrar um cara para dar uma metidinha casual, garantem elas. Porém, um cara para um compromisso mais sério, um cara que as assuma como companheiras, enfim, um homem para chamarem de seu, é artigo cada vez mais raro e arisco. Os homens, sobretudo na mencionada faixa etária, não querem se comprometer com elas.
Pois tenho duas notícias para vocês, meninas : uma boa e uma ruim.
Primeiro, a ruim. A culpa por grande parte dessa "covardia" masculina, por esse descompromisso do macho,  cabe, única e exclusivamente, a vocês, meninas.
Ouvi, um dia desses, um desses humoristas do stand-up brasileiro dizer que o homem não gosta de mulher, ele gosta é de algo que só a mulher tem, a buceta. Seguiu dizendo que, se o homem tivesse buceta, o cara se casava com o melhor amigo. Sei não. Eu não me casaria com meu amigo Fernandão caso ele tivesse uma buceta. De jeito nenhum. Se ainda ele tivesse também um grande par de peitos, uns bons melões, já dava pra considerar a questão.
Claro que é uma piada de stand-up, em que uma observação do cotidiano é elevada ao nível do absurdo, do surreal, para fazer rir. Mas que, se pensarmos bem, tem lá seu fundo de realidade. Se não estão os homens a adquirir xavascas, por outro lado e de certo modo, as mulheres estão se transformando em meros homens com bucetas. Estão se desfazendo, propositalmente, de caso pensado, de sua feminilidade, de suas preciosas e já mencionadas prendas. Estão a se tornar, em comportamento e atitudes, homens com rachas no lugar do pau e do saco.
São as ditas mulheres modernas e independentes. Que estudaram. Que têm diploma de ensino superior. Que têm bons empregos e neles são bem-sucedidas. As mulheres, hoje, e ainda bem, são financeiramente independentes do homem. E digo que é assim que tem de ser. Cada vez mais. Quero que minha mulher ganhe cada vez melhor que eu (ela já ganha). Até porque,  na eventualidade de um rompimento, quem vai pedir pensão sou eu.
Só que muitas de vocês, meninas, confundem independência financeira com total desobrigação para com os afazeres de suas vidas particulares. Ser independente é uma coisa; ser desobrigada, descompromissada, desleixada etc, é outra. E totalmente diferente.
Muitas de vocês, meninas, consideram humilhante a realização de qualquer serviço doméstico. Ter uma rotina caseira de lavar uma louça, fazer uma faxina, passar uma roupa, entre outras atribulações, é, às suas vistas de homens com xanas, aviltante, degradante. Não foi para isso que vocês estudaram. Não foi para isso que vocês se formaram. E notem que eu digo de realizarem tarefas de manutenção e organização de suas próprias casas, de seus próprios lares, de afofarem o próprio ninho.
E como a casa não se autogere, o que vocês fazem, meninas? Pagam para que outras mulheres executem as tarefas que vocês consideram degradante que uma mulher como vocês realizem - uma faxineira, diarista, doméstica, chamem do que quiserem, dourem a pílula como melhor lhes convier.
Pãããããta que o pariu!!! E, depois, eu é quem sou o machista!!!
Cuidar da própria casa, cuidar dos filhos (e lhes cobrar o devido respeito em troca), cuidar um pouco do marido (e exigir que também por ele seja cuidada), não tem nada de desonroso, de servil. Tem é de privilégio. Essa semana mesmo, no programa Papo de Segunda, exibido pela GNT, foi relatada uma pesquisa feita com homens e mulheres, na qual 73% dos entrevistados, de ambos os sexos, concordaram que uma justa e igualitária divisão das tarefas domésticas evitaria muitas crises em um casamento.
Então, pensem bem, meninas, por que um homem se ligaria afetivamente a mulher não prendada, a uma mulher que escolheu deliberadamente não ser prendada? Por que assumiria um compromisso estável com uma mulher que mimetiza as piores características de muitos homens? Por que se casaria com uma mulher sem qualidades femininas? Com um homem com buceta? Só para curtir uma TPM? De jeito nenhum. Eles correm, Lola, eles correm. Nós gostamos de buceta, sim, e muito lhes agradecemos por elas. Mas também gostamos, e muito, ao contrário do que diz o comediante de stand-up, de mulher.
E  homem é o bicho mais fácil de agradar. Surpreenda-o, nem que seja uma vez por semana, com a cerveja já gelada a lhe esperar no refrigerador, prepare para ele uns petiscos, uns tira-gostos, assista com ele, nem que seja esporadicamente, a um jogo do time dele, dê o cuzinho para ele de vez em quando, uma vez por mês etc etc. E essa é a notícia ruim, meninas, a culpa da escassez masculina é de vocês, é consequência da também cada vez mais rara feminilidade. 
A notícia boa, por fim, é que eu, o Azarão, estou aqui para ajudá-las no resgate das prendas perdidas. Sigam as minhas instruções, meninas! E logo terão capturado uma rola para chamarem só de sua! Na verdade, não são orientações minhas, são conselhos de uma revista feminina (argentina se não me engano) publicada na década de 1950, e que o Azarão, gentilmente e preocupado com a seca em que vocês se encontram, irá publicar e compartilhar com vocês aqui no Marreta. Publicarei os conselhos de forma homeopática, um a cada postagem, com o título Receita de Mulher. São doze dicas infalíveis. Um verdadeiro manual do lar feliz. São dicas curtas, escritas em linguagem de fácil entendimento. E o que é melhor, mulherada : são ilustradas com desenhos. Não tem como não entender.
Nessa primeira Receita de Mulher, excepcionalmente, publicarei duas dicas, feito quando uma editora lança uma coleção de fascículos, o primeiro sempre vem com dois.
1- Jantar Pronto. Planeje com antecedência um delicioso jantar para sua chegada. Esta é uma forma dele saber que você esteve a pensar nele e que se preocupa com suas necessidades. A maioria dos homens estão famintos quando chegam em casa.
2- Esteja Linda. Descanse 5 minutos antes de sua chegada para que ele lhe encontre fresca e reluzente. Retoque sua maquiagem, ponha uma tiara em seu cabelo e fique o melhor possível para ele. Lembre-se que ele teve um dia duro e só lidou com companheiros de trabalho.

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1 Comentários

  1. Háaaaa
    Esse vou requisitar, esse vai ter direito de resposta. kkkkkk
    "J"

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