Robin Williams, Assim Ele Quis o Seu Último Poema

(Robin Williams, 1951 - 2014)
Acima, Robin Williams na "pele" de Andrew Martin, o Homem Bicentenário, do conto homônimo de Isaac Asimov, e o meu personagem favorito de Williams. Na verdade, o único de que realmente gosto.
Andrew Martin nasceu robô, mas um defeito em seu cérebro positrônico o fez querer, pinóquio de titânio, tornar-se homem. E tornou-se, na forma. Porém, o robô queria mais, queria ser reconhecido como humano em sua essência, queria o reconhecimento oficial do governo lá da época em que se passa o conto, queria ter seu status mudado de robô para humano. Pedido negado por várias vezes. Humanos envelhecem, morrem, Andrew Martin era eterno.
Planejou, então, seu próprio envelhecimento, programou sua morte, seu desligamento, que se deu ao completar de seu ducentésimo aniversário, no mesmo instante em que os manda-chuvas do governo, finalmente, reconheciam oficialmente sua condição humana.
Adquiriu a condição humana e, instantes depois, morreu. Teve sorte, Andrew Martin.
Robin Williams programou seu desligamento para um pouco mais cedo, aos 63 anos.
Quis assim o seu último ato, o seu último poema:

O Último Poema
(Manuel Bandeira)
Assim eu quereria meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.

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2 Comentários

  1. Robin Williams também fez o filme "Além da Vida". Desse ninguem lembrou.

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    1. Bem lembrado, também trata de suicídio. Com a belíssima Anabbella Sciorra.
      Desde a primeira vez que assisti ao Homem Bicentenário achei interessante o fato de que a morte programada do robô - seu suicídio, ou sua eutanásia, talvez - tenha sido vista como uma prova de sua humanidade.
      Já quando é um humano quem comete o suicídio, ou quando um humano roga ao médico que proceda em sua eutanásia, isso é visto como um pecado supremo.
      Um robô dispor sobre a própria vida é visto como sinal de humanidade, um humano querer o mesmo é inferno na certa para ele.

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