Gárgulas Inexistentes

E a estranha luz vermelha
De mais um dia comum
Banha tua pele já cheia de limpeza e frescor;
Cobre – cor de cobre – tua epiderme
Plena de alvura e frio.
Tu te encolhes – nua – ligeiramente
Aconchegando-te a ela
(Preteriste meu calor),
A essa estranha luz vermelha.
Que me expele porta afora
Para fora da tua aorta,
Do teu respiro,
Para fora da tua circulação.

E eu atravesso ruas,
Salto canyons,
Evito ratos,
Deslizo por enxurradas,
Cumprimento cágados
E erro.
Erro por infindáveis calçadas
Desviando-me dos jorros de vômito
Debulhados pelas gárgulas que não existem
Nos parapeitos dos prédios
Da cidade onde moro.

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