Me joga no covil das noites famintas,
Das madrugadas de garras tetânicas
Ávidas pela minha pouca carne.
A insônia
A insônia
Amarra com anzóis,
Com ganchos de frigoríficos,
Minhas costas ao ontem.
Mija sulfetos no meu focinho,
Rouba meu faro para o nascer do sol,
Põe-me broxa para os grandes lábios suculentos do amanhã.
A insônia escalpela minhas córneas,
A insônia escalpela minhas córneas,
Faz brotar cactos peçonhentos em meu esôfago.
A insônia,
A insônia,
Dissimulada garçonete,
Oferta-me em copo abissal
Vodka com areia fundente.
Mas o pior,
Mas o pior,
De tudo, o pior:
A insônia tem a tua cara,
O teu jeito, teus seios,
O teu cheiro.
0 Comentários