Libertem Geraldinho Rastafári

A questão é controversa e aparentemente intrincada.
Drogas consideradas ilícitas podem ser utilizadas livremente dentro de um contexto religioso, em uma cerimônia ou culto? Suas produção e distribuição, tão somente destinadas aos louváveis propósitos da fé, espiritualidade e outras embromações,  podem não ser consideradas como tráfico de entorpecentes?
A resposta, segundo Geraldo Antônio Baptista, o Geraldinho Rastafári, é sim. 
Geraldinho Rastafári, 53 anos, é o Papa da Primeira Igreja Niubingui Etíope Coptic de Sião do Brasil, conhecida como “igreja da maconha” e sediada na cidade de Americana (SP). Segundo o guru da chibaba, o cultivo da maconha para fins religiosos é permitido pela legislação brasileira.
Não obstante, Geraldinho foi detido e enquadrado por tráfico de drogas. Geraldinho foi grampeado em 15 de agosto do ano passado, depois que a polícia encontrou 37 pés de maconha palntados em sua casa; aliás, 6 pés a menos que a quantidade encontrada na laje da casa da vovó da maconha, em Diadema (SP).
De acordo com a esposa de Geraldinho, Marlene Martins, que ficou responsável pela igreja e pela saúde espiritual dos fiéis durante, digamos, o retiro espiritual do Sumo Sacerdote da Cannabis, a medida judicial não alterou em muito a rotina dos cultos : “Perdemos nossa liderança, então o movimento cai um pouco. Muitos universitários, principalmente, ficaram com receio após a prisão. Mas continuamos funcionando normalmente”.
Universitários, é lógico. O que seria desse nosso país se não fossem os universitários, sempre ávidos por novos conhecimentos e doutrinas?
Os advogados de Geraldinho Rastafári argumentarão que a maconha pode ser usada de forma ritual nos cultos da igreja e que, ao não permitir que isso ocorra, a Justiça desrespeitaria o item constitucional que garante liberdade religiosa aos brasileiros. 
É claro que tudo isso é uma grande duma enrolação, ninguém está interessado em aperfeiçoamento espiritual porra nenhuma. Claro que é só uma desculpa esfarrapada para fumar maconha. Mas e daí?
O álcool, ainda que legalizado, é a droga que mais mata mundialmente, e o padre não dá lá a talagada no vinho dele durante a missa, no draculesco ritual do sangue de Cristo, que é seguido da canibalesca comunhão do corpo de Cristo? A turma do Santo Daime não vomita até as tripas depois de ingerir suas infusões alucinógenas?
Além disso, as religiões já servem mesmo para tanta merda, para tanta coisa ruim. Guerras, matanças, genocídios, enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro, tráfico de influências, acobertamento de pedófilos. Se passarem a se prestar também para o sujeito fumar a maconhazinha dele em paz, sem incomodar ningém, será o menor de seus males.
A próxima audiência, que decidirá o futuro do Bispo da Marijuana, está marcada para o dia 17 de janeiro próximo, no fórum de Americana.
Enquanto isso, Marlene, fiéis da igreja da maconha e defensores da causa não estão de braços cruzados. Uma petição online já angariou 3200 assinaturas em prol da absolvição de Geraldinho Rastafári, e o grupo também pede o auxílio de entidades como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Entre outras coisas, Geraldinho Rastafári carrega uma bíblia com uma folha de maconha em dourado na capa e afirma que Cristo operou seus milagres sob o efeito da erva. Não duvido. Não mesmo.
Soltem logo o Geraldinho, porra!!! Libertem Geraldinho Rastafári!!!
Deixem que o sacerdote do cigarrinho do capeta continue a conduzir seu desorientado rebanho pelos vales da morte e das sombras. E da fumaça. 
Geraldinho Rastafári, a rezar fervorosamente.

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