O Carnaval Do Barbosa

Estamos a exato um mês da virada do ano e os preparativos estão a todo vapor. Virada do ano, sim. Que em todo o mundo ocidental, a passagem para o Ano Novo se dá em 1º de janeiro, e nós até que fazemos uma festinha por conta disso. Mas Ano Novo mesmo, no Brasil, só começa, desgraçadamente, depois do carnaval. 
Carnaval, isso sim é que é uma festa de responsa para saudar o novo ano. Foguetinhos a enfeitarem os céus por alguns minutos? Uma champanezinha Sidra Cereser a espocar aqui e ali? Comer umas não sei quantas uvinhas para dar sorte? Usar calcinhas dessa ou daquela cor para atrair os benefícios desejados?
Nada disso. Festa de Ano Novo que se preze dura quatro dias. Não tem nada de fogos de artifício, tem é de ficar de fogo; nada de espumantezinhos, só cerveja e destilados misturados com refrigerantes ou energéticos; e se seu carnaval for dos bons, você nem se lembrará de onde perdeu as calcinhas.
Todo carnaval elege seus heróis, aquelas personalidades cujos rostos transformados em máscaras vestirão os foliões. A máscara do Lula já foi campeã de vendas de carnavais passados, a do Ronaldinho, a do Bin Laden, a do Obama e, mais recentemente, a do palhaço Tiririca, sensação do carnaval de 2011.
Para o carnaval deste ano, a máscara mais vendida, com mais de 25 mil unidades negociadas e já esgotada das prateleiras, é dele, do Justiceiro-Mor da República, Joaquim Barbosa, responsável pela condenação inédita de toda a petralhada de Lula no caso do mensalão.
As máscaras de Barbosa evaporaram das lojas, feito os bons e velhos lança-perfumes dos antigos carnavais. Os fabricantes estão trabalhando no limite de suas máquinas e prometeram um reforço de 15 mil máscaras, reforço que será insuficiente, dizem eles.
Este ano não vai ter nem pro Rei Momo, este ano é do Barbosa e ninguém tasca. A Justiça pode ser meio cegueta, mas usa óculos e tem a cara do Barbosa. A cara da Justiça, nesse país de descarados, é a cara do Barbosa. Ou será apenas a máscara da Justiça?
Dane-se. É carnaval, e todo mundo quer vestir a cara do Barbosa, canibalizar suas retidão e honradez.
Esperemos que o fenômeno Joaquim Barbosa não se mostre um carnaval, de fato. Esperemos que todo o esforço e o risco que ele correu na condenação da alta cúpula do PT (nos últimos dias de julgamento, ele contava com proteção do Exército) não terminem numa triste quarta-feira de cinzas. 
O que parece estar a caminho de acontecer; condenados, muitos foram, presos, ainda nenhum.
De qualquer forma, Joaquim Barbosa fez o seu carnaval, e nós, tolos e eternos pierrots traídos, por quatro metafóricos dias, aderimos esperançosos ao seu bloco, engrossamos o coro de seu cordão.

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