Mas não sinto a tua necessidade, Augusto,
De também ser fera.
Meu desejo é mais penoso e tem maior custo:
A vontade de não mais ser humano, em mim impera,
Mas aí é que dano, Augusto;
Como perder a humanidade sem me tornar fera?
Já amputei a mão que afaga, verti cal na chaga
E beijos, Augusto, nunca mais quererei.
Ainda assim, a vida em mim naufraga
Na incerteza de se fera me tornarei.
E da questão, essa ambigüidade é todo o cerne
Ah, que vida frugal e sem conflitos
Deves estar levando aí com seus amigos, Augusto, os vermes.
Mas sobre esse dilema, uma nova luz incide,
A dualidade da questão, a resposta em si encerra.
Podes dormir tranquilo, Augusto.
Achei a solução!
Devemos perder – e perderei – a nossa humanidade
Para que ela jamais nos torne em feras.
2 Comentários
Gosto muito do poeta que em ti habita.
ResponderExcluirTambém gosto muito dele, mas ele anda meio preguiçoso nos últimos tempos, meio relapso. Obrigado, mais uma vez.
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