Hoje será mais uma madrugada daquelas,
Quilométrica e de ponteiros parados.
E você nem está mais bêbado,
Está doente de bebida.
Que entornou desde o seu café da manhã
Sem pão quente e margarina feliz.
Precisa de mais um trago para começar a funilaria,
Desamassar cabeça, estômago, desentortar as juntas,
Curar veneno com veneno,
Chegar em casa.
Mas não há bar, puteiro,
Posto de gasolina ou padaria abertos em seu caminho.
E você maldiz essa cidade
Que parece ter sido projetada pelos A.A.s
Também não há solitário níquel em seu bolso.
O dia será mais um daqueles,
Locomotiva feita em concreto e plasma
A moer suas córneas e a cegar seus ossos,
Uma rasa poça de ácido sulfúrico a lhe comer pelas solas.
Será dia de cartelas de aspirina ingeridas
E vomitadas sem terem tempo de surtir efeito,
De cãibras no estômago, na consciência e na alma,
De exorcistas suores frios.
E sem a mais vaga esperança de ser essa a última vez.
Nada de esperanças: você sabe que vai sobreviver.
Oh, sim!
Com todos os demônios, você vai sobreviver!
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