A Injusta Medida

O corpo já não se ajusta à roupa,
Seca, áspera,
Pele morta de réptil a ranger e importunar.

O corpo já não se ajusta ao conforto,
Ao sofá, à cama, à cadeira,
À espuma, ao veludo, à madeira,
Tudo é falta de lugar.

O corpo já não se ajusta à evolução,
Ao bipedismo, ao polegar oponível, ao sedentarismo,
À inteligência sem razão :
O corpo só quer um galho para se balançar.

O corpo já não se ajusta ao corpo;
Ao esquecimento, se ajustará?

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