- O que são esses papéis espalhados?
- Tem tudo quanto é tipo de papel espalhado por aí - responde Rubens, a olhar para seus pentelhos recobertos da secreção de Laura, resolvendo se vai tomar um banho ou, simplesmente, deixar tudo secar e, depois, esfarelar com os dedos e bater tudo para o chão.
- Aquelas em cima da mesa.
- São começos de uma carta para um amigo antigo.
- Cartas?
- Sim, aqueles papéis cheios de palavras, de preferência organizadas em frases, que se põe num envelope, leva-se aos correios e despacha-se.
- Sei o que é uma carta, mas quem é que ainda manda cartas hoje em dia?
- Eu.
-Posso fumar aqui no teu quarto?
- Há uma lei antifumo, agora.
- Você não tem cara de ser homem que segue leis.
- É porque sigo a todas.
- E?
- Pode fumar.
Rubens vai nu até a cozinha - optou por deixar a gosma de Laura secar nele -, volta com uma garrafa de vinho, serve-se primeiro de uma talagada e passa para Laura.
- E recebe outras cartas em resposta, desses amigos?
- Isso é só um detalhe.
- Posso dar uma olhada?
- Não são pra você.
- E manda muitas?
- Devo ter umas duzentas ou mais, guardadas em caixas.
- Mentira - espanta-se Laura -, ninguém manda ou recebe tantas cartas assim.
- Você tem o quê? Uns vinte e poucos anos?
- É, vinte e BEM poucos.
- Pois eu já mandava cartas antes de você nascer.
- E e-mail? Não manda e-mails?
- Mando, mas é diferente, e-mail é frio, rápido demais, não cria expectativas, não há a sensação tátil, olfativa, não há a caligrafia - parte da alma de quem escreve; também não dá para escrever um e-mail de três ou quatro páginas.
- Você já escreveu cartas de três ou quatro páginas? - Laura dá mais uma entornada (gotas fugitivas de vinho aterrisam em seu peito direito) e faz cara de quem nunca escreveu não só uma carta de três ou quatro páginas, mas de quem nunca escreveu três ou quatro páginas durante a vida toda.
- Sim, várias, a maioria delas - e Rubens quase solta um suspiro de desalento, mas olha pros peitos de Laura e resolve que compensa.
- Mas me diz - insiste Laura -, qual a diferença entre carta e e-mail, que eu ainda não percebi?
- Entendamos assim: a diferença entre enviar um e-mail e postar uma carta é a mesma que entre trepar com uma boneca inflável e com uma mulher de verdade, gostosa, ávida por vara.
-Ah!!! E eu, Rubens? Sou o quê? Um e-mail ou uma carta de três páginas?
- Boa pergunta.
- Tem tudo quanto é tipo de papel espalhado por aí - responde Rubens, a olhar para seus pentelhos recobertos da secreção de Laura, resolvendo se vai tomar um banho ou, simplesmente, deixar tudo secar e, depois, esfarelar com os dedos e bater tudo para o chão.
- Aquelas em cima da mesa.
- São começos de uma carta para um amigo antigo.
- Cartas?
- Sim, aqueles papéis cheios de palavras, de preferência organizadas em frases, que se põe num envelope, leva-se aos correios e despacha-se.
- Sei o que é uma carta, mas quem é que ainda manda cartas hoje em dia?
- Eu.
-Posso fumar aqui no teu quarto?
- Há uma lei antifumo, agora.
- Você não tem cara de ser homem que segue leis.
- É porque sigo a todas.
- E?
- Pode fumar.
Rubens vai nu até a cozinha - optou por deixar a gosma de Laura secar nele -, volta com uma garrafa de vinho, serve-se primeiro de uma talagada e passa para Laura.
- E recebe outras cartas em resposta, desses amigos?
- Isso é só um detalhe.
- Posso dar uma olhada?
- Não são pra você.
- E manda muitas?
- Devo ter umas duzentas ou mais, guardadas em caixas.
- Mentira - espanta-se Laura -, ninguém manda ou recebe tantas cartas assim.
- Você tem o quê? Uns vinte e poucos anos?
- É, vinte e BEM poucos.
- Pois eu já mandava cartas antes de você nascer.
- E e-mail? Não manda e-mails?
- Mando, mas é diferente, e-mail é frio, rápido demais, não cria expectativas, não há a sensação tátil, olfativa, não há a caligrafia - parte da alma de quem escreve; também não dá para escrever um e-mail de três ou quatro páginas.
- Você já escreveu cartas de três ou quatro páginas? - Laura dá mais uma entornada (gotas fugitivas de vinho aterrisam em seu peito direito) e faz cara de quem nunca escreveu não só uma carta de três ou quatro páginas, mas de quem nunca escreveu três ou quatro páginas durante a vida toda.
- Sim, várias, a maioria delas - e Rubens quase solta um suspiro de desalento, mas olha pros peitos de Laura e resolve que compensa.
- Mas me diz - insiste Laura -, qual a diferença entre carta e e-mail, que eu ainda não percebi?
- Entendamos assim: a diferença entre enviar um e-mail e postar uma carta é a mesma que entre trepar com uma boneca inflável e com uma mulher de verdade, gostosa, ávida por vara.
-Ah!!! E eu, Rubens? Sou o quê? Um e-mail ou uma carta de três páginas?
- Boa pergunta.
1 Comentários
Xeque.
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