Mundo Perfeito (Ou : o Azarão Nessa Frescura...)

Talvez algum leitor mais atento já tenha visto o "discreto" anúncio do meu primeiro e-book, Mundo Perfeito, publicado pela Amazon. Pois é, meus caros, o Azarão nessa frescura.
 
Na verdade, nunca tive a vontade de publicar um e-book, e continuo sem ter. Porém, a publicação de um pela Amazon é condição sine qua non para participar do 9º Prêmio Kindle de Literatura. Prêmio que, até há umas duas ou três semanas, eu nem sabia da existência e do qual, portanto, também não tinha vontade de participar.
 
Acontece que, nem sei o porquê, resolvi mandar um conto meu para o Fabiano, talvez ter a apreciação e a opinião de alguém já enfronhado na atividade de escritor. Dentre uns 15, 16 contos mais extensos que escrevi, escolhi o Mundo Perfeito, a minha "obra" mais audaciosa. Sessenta e seis páginas em formato Word, página A4 e fonte Arial 12; Cento e trinta duas páginas no formato em que foi publicado na Amazon, o exato dobro. Assim, fica até mesmo com cara de livro.
 
Fabiano gostou parcialmente do conto e insistiu em que eu participasse do concurso. Resolvi arriscar. Publiquei o "livro" e me inscrevi no Prêmio. 

Mundo Perfeito foi escrito há exatos 20 anos, quando eu - vejam só vocês os delírios de ainda um resto de juventude - acreditava que pudesse me tornar um escritor, ainda que mediano. De novo, o de sempre : pretensão inversamente proporcional ao talento.
 
Levei, acredito, cerca de um mês, um mês e meio para finalizá-lo. Escrevi-o, primeiro, todo à mão, em um velho caderno, depois, todo o trabalho de digitá-lo e imprimi-lo, e, finalmente, relê-lo à exaustão em busca de erros de digitação, grafia, concordância etc para efetuar as correções. Foram um sem-número de leituras e releituras, seguidas das respectivas correções.
 
Aproveitei o mês de férias, janeiro, para escrevê-lo. Morava sozinho nesta época. Não tinha um gato para dar ração ou sequer um cacto para regar uma vez por semana. Meu tempo era todo meu. Além disso, eu lia feito um louco na época, contumazmente, dois livros por semana, em média. Estava, portanto, com a cabeça cheia de referências, construções de frases, ideias, enfim.
 
Acordava cedo, dava uma rápida caminhada, voltava e ia brincar de escritor. Sentava-me a uma mesa amarela de fórmica com meu caderno e caneta em uma mão, um copo de vodka com Fanta Citrus na outra e ali ficava toda a manhã. Um mês de labuta.
 
Hoje, eu seria incapaz de escrever algo semelhante. Quando leio esses meus contos mais antigos e mais extensos, chego a pensar que outro os escreveu. Não disponho hoje de nem dízimo do tempo que tinha para mim na época, e, a rigor, pode-se dizer que não leio mais nada. Esvaziaram-se-me todas as ideias e referências. 
 
Atrofiaram-se-me, por falta de exercício, todas as influências que eu possa ter absorvido dos autores que li. Na época da feitura do Mundo Perfeito, eu estava repleto de Bukowski, de Rubem Fonseca, de Frank Miller e, principalmente, de Dennis Lehane, excelente autor de livros policiais, e de quem eu, pálida, esquálida e ridiculamente, tentei emular a estrutura em capítulos do meu conto.
 
Hoje, repito, eu seria incapaz de algo parecido.
 
A ideia para o conto veio a mim cerca de um ano e meio, dois anos antes de começá-lo a escrever. Em 2002, eu morava ainda em Mococa, onde efetivei-me como professor da rede pública de SP e, nesse ano, devido ao fechamento de algumas salas na minha escola-sede, precisei completar minha jornada em outra unidade. Uma escola de periferia. Uma região mais barra pesada. Aulas à noite.
 
Como sempre, eu ia e voltava a pé. Passava por bares suspeitos, por bocas de fumo, por "aviõezinhos" fazendo seus negócios nas esquinas. Um dia, pensei : se por acaso sou assaltado aqui, tô ferrado, pois nunca carrego comigo muito dinheiro, no máximo, em valores de hoje, uns 10 ou 15 reais. Se me abordam, o que teria para lhes oferecer e evitar um ato mais violento da parte deles por tê-los feito "perderem" o seu tempo comigo? Fora as roupas do corpo, eu só carregava livros.
 
Foi quando me veio a ideia. Imagine um mundo em que os livros fossem o sonho de consumo e o objeto de cobiça maior do ser humano? Imagine um Mundo Perfeito onde livros fossem mais desejados que dinheiro, joias, carros, relógios e celulares? Ao invés de traficantes de maconha pelas esquinas, haveria os de livros.
 
Em janeiro de 2024, desenvolvi a ideia. 

Um segredo, porém : não me lembro nem de 10% da história do conto. Verdade. No papel de leitor, devo tê-lo lido uma única vez, quando o dei por acabado. As outras n leituras que fiz dele foi como autor, alguém a procura de erros e não de desfrutar da história em si. São leituras e visões totalmente diferentes.
 
Assim, igualmente incapaz de escrevê-lo hoje em dia, o sou também de fazer uma resenha dele. Teria que relê-lo. Outro segredo? Não estou com o menor saco para isso.
 
Felizmente, Fabiano, que sabe muito mais do meu conto que eu, fez o dever de casa para mim, publicou uma resenha de Mundo Perfeito em seu blog Um Brasileiro Gay - aliás, acessem-no, antes que Fabiano o mate, como já fez a tantos blogs antes desse, um verdadeiro serial killer de blogues, o Fabiano.
O Mundo Perfeito, está à venda no Amazon por R$ 5,00. E grátis durante todo o dia de amanhã para quem tem uma conta no Kindle/Amazon. É só clicar aqui, no meu perfeito MARRETÃO.

E agora, o parecer de Fabiano Caldeira :

"Quando o amigo Marreta me deu seu PDF para ler, dizendo que se tratava de uma ficção escrita há uns vinte anos, fiquei curioso, pois tenho uma relação de amor e ódio com seu blog A MARRETA DO AZARÃO, mas hoje somos bons vizinhos, então fiquei pensando que raios de história seria bolada por aquela mente tão peculiar.
Quando terminei de ler, encorajei-o a colocar o ebook na Amazon, pois sempre pode aparecer alguém para conhecer a obra.

Não. O autor não venderá como Stephen King nem como Paulo Coelho, mas, deixando ali, pode ser que alguém leia. Deixando-o "na gaveta" é que não lerão mesmo. Já que não paga nada, ele ainda pode faturar uns trocadinhos para comprar umas balinhas nas lojas americanas.

O que vi no livro dele é o que vejo nos livros de muitos amigos que leio: TALENTO. Conteúdo que me agradou e acho que agrada mais gente, por isso encorajo mesmo, pois tem muita coisa ruim na Amazon, então é necessário fazer um exercício para que se multipliquem as boas tramas.

Com muita alegria, o ebook dele estreou hoje na Amazon.

"Mundo Perfeito" sinaliza lá com 132 páginas. Ah, Ah, Ah! Eu confesso que nem sabia que tinha lido tudo isso, pois no PDF deu menos, mas que bom. Estamos diante de um romancista ou novelista? Como saber os termos acadêmicos hoje em dia?

O importante é que ele estará disponível de graça amanhã. Então, você que tem seu leitor digital e gosta de uma promoção do ebook gratuito pode clicar aqui amanhã e garantir sua distopia - sim, é uma distopia de fazer o tal do Phillip K. Dick introduzir o cabo do rodo no próprio olho da goiaba, e sim, eu acho que exagerei, pois, do K. Dick, só conheço "Labirinto da Morte", mas é bom brincar com essa ilusão.

O que eu achei do livro do Marreta

Tem uma mulher que enche a borseta. Não é a Julieta da música que a SUNO AI fez pra mim, mas ela guarda sua borseta na mala do cara que é um traficante de livros e está fugindo para não ser pego.

Onde está a distopia nisso?

Trata-se de uma nova Terra. Isso mesmo! Um mundo totalmente remodelado em um futuro, sei lá, uns duzentos anos além de hoje. No livro há a data correta, é que não me lembro agora, mas é algo por aí. Daí o nome ser "Mundo Perfeito".

Adamastor é considerado a escória, aquilo que aquele mundo precisa abolir para continuar perfeito. Ele conheceu o mundo anterior, viveu nele e explica a alguém como se originou essa Terra Remodelada. A gente vai entendendo o motivo, o propósito e de que maneira fizeram o mundo perfeito vir à tona, tornar-se tão real a ponto de a sociedade atual não crer, sequer conseguir imaginar o comportamento habitual corrompido e distorcido naturalizado na população de antigamente.

Confesso (e já alerto) que o começo foi um tanto monótono, só que ele é necessário. Portanto, esqueça o dinamismo e insista, pois valerá a pena à medida que avançará sua leitura.

Quando o livro já está bom?

Como falei, é aos poucos que a trama vai melhorando, mas, do hotel em diante, tudo vai ficando interessante - deve ser porque Adamastor precisava colocar a borseta de Tânia na mala. Muita coisa vai sendo revelada para nós. Só que não - Adamastor não tem nenhum papo-cabeça com Tânia. Ela aparece unicamente para guardar a borseta. As revelações vêm à tona na companhia de outra pessoa, em outro tipo de situação.

Adorei o final. Fiquem tranquilos porque não expus a trama em si. Tudo que falei é o basiquinho, a camada mais superficial da coisa toda.

Se qusierem ouvir a música da Julieta da borseta, é só clicar aqui

Para adquirir seu ebook gratuito de "Mundo Perfeito", a partir de amanhã, clique aqui. Se está com pressa, clique agora e pague a fortuna abusiva, extorsiva e sanguinária de cinco reais.

Marreta atua na área da educação, está mais que satisfeito nela, tem uma vida confortável, escreve por paixão e hobby. Eu o convenci a ir para a Amazon por mera curiosidade. Acho a escrita dele muito boa, quero ver como se sai lá."

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15 Comentários

  1. "Acontece que, nem sei o porquê, resolvi mandar um conto meu para o Fabiano..." - Porque você me ama, cabeção. Ahahahah. Calma! Sei que seu negócio é mulher, mas onde vai achar outro doido que briga com você e depois ri da piada sem-graça "se eu fosse vc, iria chupar umas laranjas. Eu tenho um saco aqui, se quiser". Seu besta. Ahahah.
    Falando sério agora, é um crime pessoas como você, que têm esse dom da expressividade na escrita, não publicarem na Amazon. Seu talento merece mais que o blog. Não estou desmerecendo o blog, estou dizendo que tens poder para manter o blog e também se aventurar além.
    Um abraço!

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    1. Pããããta... tudo o que disse nesse comentário é verdade!!!!!
      E aproveito, mais uma vez, para agradecer aqui o apoio, incentivo e assistência na publicação do Mundo Perfeito.

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  2. Muito bom ter levado à luz esta obra. Não há razão, hoje em dia, para manter coisas assim "engavetadas" em pendrive, HD ou nuvem. O Amazon está aí para isso!
    Abraços

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    1. Caso chegue a ler, gostaria de saber sua sincera opinião sobre.
      Abraço.

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    2. Eu também quero saber. De preferência, no seu blog, pra tirar o hiato dele e dar um pouco de paz à tadinha em evidência lá há tanto tempo.

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    3. Verdade. Não aguento mais ver o sofrimento da Angela Orosco. Chega a me dar uma agonia.

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    4. Ah, Ah, Ah... A coitada vai Virar mártir naquele blog. Seria bom se o autor do espaço pudesse bolar uma postagem logo. Ah, Ah!

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  3. Gosto de ler os livros que os blogueiros que eu leio escrevem. Este ano já li um conto da Gleize e estou acabando o livro do Fabiano. Não quero nada de graça, quero comprar!! Se eu pago para ler os escritores famosos porque vou querer ler os livros dos amigos blogueiros de graça?
    Gosto de escrever desde a adolescência e sempre tive a vontade de publicar alguma coisa, com a amazon o sonho é muito realizável. Tem também a IUCLAP (acho que é esse o nome), uma startech que imprime e vende seu livro sob demanda e você o publica também de graça.
    Quem sabe ainda publico? O meu problema não é falta de ideia é falta de coragem...preguiça mesmo. Gosto de escrever crônicas, textos curtos, mas um conto, uma novela, um romance é coisa pra quem tem talento e paciência.
    E já faz 20 anos? De lá pra cá não escreveu mais nada publicável? Vou ler seu livro e depois te falo se fosse deve voltar a escrever.
    Ah, eu odeio ler resenhas.

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    1. Eu também padeço desse seu "mal", falta de coragem, preguiça. Só publiquei mesmo esse porque o Fabiano me incentivou e apoiou muito.
      Devo ter escrito esses contos mais extensos entre 2003 e 2009, 2010, quando tinha muito mais tempo livre, lia muito mais, não tinha responsabilidades a não ser para comigo mesmo. Aí veio o filho, a brusca diminuição do tempo livre, a preocupação com uma nova vida e, claro, a idade.
      Como disse na postagem, hoje, em vista do que lia, dá pra dizer que eu não leio nada. Chego em casa já cansado do trabalho e ainda tenho sempre algum afazer doméstico a cumprir. Quando tudo está resolvido, só quero mesmo descansar, deitar e dormir; no máximo, consigo ver algum filme, e isso se ele não tiver mais que uns 90 minutos, senão nem começo.
      Caso adquira mesmo o livro, já deixo aqui o meu muito obrigado. E gostaria que comentasse depois o que achou.
      Abraço.

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    2. Sei como é, essa nossa rotina doida nos tira o tempo do lazer. Não acho que a idade seja empecilho para a escrita, ao contrário, quanto mais velho, melhor, tal qual vinho. Os afazeres do dia a dia sim, nos toma tempo. Eu nem tenho desculpas já que tempo é o que não me falta, já que não estou mais na ativa, é preguiça mesmo. Meu filho me incentiva a fazer um projeto que tenho de uma novela baseada na história dos meus pais, vou tentar um dia. Já escrevi o primeiro parágrafo.

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  4. Respostas
    1. A Marreta do Azarão27 de agosto de 2024 às 13:25

      Valeu.
      Tem conta na Amazon? Hoje, dá pra baixar grátis.

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  5. Já publicou o livro e teve um filho. Se já plantou a árvore, só lhe falta agora cumprir o quarto objetivo existencial do homem, macho das antigas: fabricar a própria cerveja. Este também não consegui concluir ainda.

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    1. Pois é, fabricar minha própria cerveja está entre as minhas metas do milênio.

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