Há tempos que Jotabê, o Matusalém do Blogson Crusoe, e o multitalentos Fabiano Caldeira vivem a exaltar as qualidades e as funcionalidades da plataforma Suno.
Para quem, assim como eu, nunca ouvira falar da tal, a Suno é mais uma aplicação divertida e curiosa da Inteligência Artificial. Mais um recurso destinado a dar doces ilusões de criatividade e de poder inventivo aos sem talento. E por que não, vez ou outra, não nos deixarmos enredar por doces ilusões?
A IA permite que todos sejam "escritores" (nunca a usei para essa função, pois creio que a executo melhor que ela), "desenhistas e ilustradores" (dessa funcionalidade, eu, que não sei desenhar nem aqueles bonequinhos de graveto, uso e abuso para ilustrar as postagens aqui do Marreta) e, agora, através da Suno, também grandes "músicos e compositores".
Valha-me Santo Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim!
Na Suno, qualquer um pode transformar em música um texto ou poema que tenha escrito, ou pedido à IA que o tenha feito por ele. Coloca-se lá o texto, determina-se o tipo de música em que quer que ele seja transformado - rock, pop, sertanejo etc - e, voilà, você pode estar a um triz de se tornar o dono do hit do verão.
Apesar de todos aos rapapés e salamaqueles de Jotabê e Fabiano para com a Suno, nunca me interessei em aprender a usá-la. E, provavelmente, assim continuarei.
Porém, há alguns dias, publiquei um poema aqui no Marreta, Meus Inúteis Amuletos e Chamarizes, um poema curtinho, bem safado, saído de supetão, enquanto eu caminhava para o trabalho. Aliás, quase tudo o que eu escrevo, os poemas especialmente, saem assim, de supetão, quando estou andando. Não sou capaz de me sentar e dizer : agora vou escrever um poema.
Não tenho esse talento do escritor profissional. Eles surgem quando estou andando e eu vou ajeitando a forma deles na minha cabeça e repetindo mentalmente suas frases para não esquecer até que eu chegue em algum lugar e possa pô-los ao papel. Às vezes, acontece deles fugirem, de eu esquecer.
Já me recomendaram que eu coloque um aplicativo que transforma voz em texto no celular e quando a "inspiração" vier, eu a registro vocalmente para posterior escrita. Não vou fazer isso. Primeiro porque acho isso de ficar falando ao gravador uma coisa das mais pedantes, pernóstica. Depois, porque seria um exercício a menos feito pela memória, faculdade humana cada vez mais em desuso.
Bom, voltando à vaca fria, publiquei o tal poema e o Fabiano resolveu fazer uma brincadeira com ele. Musicou-o usando a Suno. Mandou-me, inicialmente, duas versões. Uma, a primeira que escutei, meio heavy metal. E gostei bastante. A segunda, uma versão portuga, lá da "terrinha", um fado talvez. Por mais que eu tenha gostado do meu poema em heavy metal, a versão lusitana me conquistou. Ficou muito boa.
Tanto que resolvi colocá-la aqui. Baixei o arquivo de áudio enviado pelo Fabiano (formato mp3) e o problema surgiu : não há como inserir arquivos de áudio no blogger, apenas fotos e vídeos. E a emenda acabou se saindo melhor que o soneto. Converti o arquivo mp3 para mp4 (formato de vídeo) e ainda coloquei uma ilustração de fundo para a música.
Reproduzo a "letra" abaixo para que possam acompanhar a canção no vídeo.
"Ao acordar,
Uma lata de cerveja
Para afugentar os fantasmas da ressaca
Da noite passada
No trabalho,
Uma caneca de chá de alho com gengibre
Para repelir os vampiros
E demais parasitas cotidianos
(Mas é pólen para eles)
À noite,
Mais algumas latas de cerveja
E,
Próximo ao deitar,
Uma boa sopa de fubá
Para atrair o bom sono
E os bons sonhos
(Mas eles vão cantar em outra freguesia)."
No poema, eu tomo uma fumegante sopa de fubá acompanhada de uma cerveja boa e barata. Mas gostei tanto da versão lusitana que, na ilustração do vídeo, troquei por um "sustancioso" caldo verde e um bom vinho português Calamares.
Ó cachopa se tu queres ser bonita, arrebita, arrebita, arrebita...
Valha-me São Roberto Leal.
Abaixo, o vídeo musicado.
7 Comentários
Ficou trilegal, esse vídeo. Não sabia que dava pra fazer assim. Achei que tivesse colocado no YouTube. Essa versão ficou ótima mesmo.
ResponderExcluirIA pra escrever é mito ruim. Achei o texto da IA nada a ver com minha expressividade.
Um abraço ❤️
O Fabiano é um deslumbrado pela Suno. Eu a conheci há uns 2 meses, apresentado pelo meu filho. Gostei, achei legal, musiquei uns 3 poemas e deixei pra lá. Não gosto muito das IAs, a não ser aquelas que daqui a pouco irão fazer todo tipo de operação médica com zero de erros, sem o tal "erro humano".
ResponderExcluirPegou pesado: "...Mais um recurso destinado a dar doces ilusões de criatividade e de poder inventivo aos sem talento" hahhhhh mas no fundo deve ser isso mesmo que vai acontecer com livros, filmes, desenhos...a criatividade humana é uma instância fadada ao extermínio nas próximas décadas se a IA se tornar melhor nessas tarefas artísticas do que os humanos como já acontece há décadas com a capacidade de gerir dados.
Que Mjolnir nos proteja.
Sim... Que Odin nos proteja.
ExcluirBom, parece ser uma plataforma no mínimo divertida.
ResponderExcluirAcredito que para quem entenda de música, saiba compor etc, a plataforma pode ser uma ferramenta, um algo a mais, assim como a geração de desenhos por IA quando utilizada por ilustradores profissionais. Para quem não tem essas habilidades - feito eu - , essas plataformas valem mesmo como diversão. Como um lúdico passatempo. E por que não, não é?
ExcluirEu reproduzo aqui a frase do Fabiano, tão verdadeira para ele quanto para mim. "Para uma pessoa com um grande amargor e peso na vida, essas brincadeiras possuem efeitos mais benéficos que 1 ou 2 anos de psicanálise".
ResponderExcluirEu e você, Jotabê, às vistas e opinião da maioria, não temos motivos para sermos infelizes ou deprimidos, temos uma vida boa, estável, com famílias ajustadas etc etc. Mas é como disse o Vinicius :
ExcluirÉ claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...
E sim, os nossos blogues, a gente ficar quebrando cabeça para gerar conteúdo para eles, nos serve como uma boa terapia. Essa postagem por exemplo me fez quebrar a cabeça um tempo. Tive a ideia de transformar o áudio para mp4, depois procurei e testei alguns editores de vídeos que permitissem que alguém sem nenhum conhecimento de edição pudesse inserir o desenho (feito por IA, claro|). Levei umas boas duas horas, duas horas e meia entre escrever o texto e ajustar o vídeo. Um tempo que me deu certa satisfação.