Cerveja-feira (24)

O cerveja-feira dessa semana vai para o sempre presente e no mais das vezes esquecido ator coadjuvante de nossas bebedeiras. Para o copiloto de nossos voos ébrios. Ele é o Robin dos nossos porres. O Sancho Pancha de nossas carraspanas. O figado!!!
Não seríamos nada sem o fígado. Não seríamos nem humanos. Seríamos seres eternamente sóbrios, tristes e ranzinzas. Nós só podemos usufruir dos prazeres de uma boa cerveja porque o fígado está lá, recolhendo e jogando nosso lixo fora. Nós ficamos com a parte boa do álcool, o fígado, com os resíduos. Morreríamos facilmente intoxicados se o fígado não transformasse o álcool em compostos menos tóxicos e facilmente elimináveis. O fígado de um homem de peso próximo aos 70 kg é capaz de metabolizar cerca de 20 ml de etanol/hora, o equivalente a uma lata de cerveja de 350 ml. Ou seja, ele vai varrendo o nosso lixo numa velocidade mais baixa do que sujamos, o que permite nos mantermos em agradável estágio de embriaguez. O fígado cuida da gente, mas não impede que fiquemos bêbados. É como se fosse uma mãe que liberasse umas doses para seus filhos. Claro que, de vez em quando, ele nos passa um sermão, um pito, a ressaca. 
Tamanha a sua importância que a sábia Natureza o fez com o mais alto poder de regeneração de todos os nossos órgãos. O fígado é o Wolverine dos órgãos. Que o diga Prometeu. Em uma semana, o fígado pode se reconstituir totalmente de lesão ou remoção cirúrgica de até dois terços de seus tecidos. Coração, rins, pulmões, ossos etc não chegam nem perto disso. O cérebro, então, nem se regenera.
Sem contar que, acebolado e ao ponto, também é um excelente tira-gosto para tomarmos com... cerveja.
Um brinde a ele, o Fígado!

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5 Comentários

  1. Meio Dr. Hannibal Lecter esse final! Então, pela publicação, uma única lata de cerveja de 350ml só terá efeito por aproximadamente 1 hora, não é? Se eu tomar 16 latas de 350ml, uma para cada hora em que estou acordado (16/24h), possivelmente nada sentirei. Interessante. É isso que chamo de ciência popular.

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    1. Pois é, quando eu bebo em casa, mais moderadamente, faço a uma velocidade de uma latinha a cada meia hora; quarenta minutos se for um latão. Digamos que eu tome seis latinhas num período de três horas, três horas e meia; ao acabar da sexta, ainda terei cerca de 3 horas de leve embriaguez.

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    2. Isso é moderadamente? Meu Santo Ateísmo! Haha.
      Ultimamente costumo beber uma garrafa de 550ml ou 600ml (a depender da marca) no fim do dia se meus deveres estiverem cumpridos (ou compridos, ou comprimidos mesmo). Uma outra condição que estabeleci é a de ter feito exercícios físicos e caminhado. Exceção no domingo, dia de saideira pra começar bem a semana. Ou seja, além de estar seguindo minhas metas, virei um "bebum" consciente, caseiro e determinado. Praticamente estou aplicando análise do comportamento no meu comportamento de beber, recompensando com álcool os comportamentos adequados de acordo com o mundo ocidental, com reforçamento por esquema fixo. É "pãããããta" que diz?

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    3. Só tenho uma coisa a dizer : Valha-me São Pavlov!!!!
      Você é a Santíssima Trindade do Reflexo Condicionado : é o seu próprio Pavlov, o cachorro e a campainha! Todos num ser uno e indivisível!

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    4. Se me permite, "valha-me São Pavlov!!!" será meu novo bordão. Cara, que comentário sensacional. Santíssima Trindade do Reflexo Condicionado foi de rachar de rir. Skinner riria também, certamente. E no fim somos isso mesmo: o rato, a barra, a pelota de alimento e o experimentador. Tudo numa coisa só, cheia de comportamentos supersticiosos.

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