Cerveja-Feira (22)

O troféu cerveja-feira desta semana não vai para um nome em particular, sim para um grupo anônimo de amigos residentes na Cidade Imperial de Petrópolis.
Tolhidos pelo isolamento social do direito básico e inalienável do macho das antigas de tomar umas geladas com os amigos num buteco, um grupo de amigos achou uma maneira à la Al Capone de driblar esta Lei Seca coletiva. 
Descobriram que no buteco que frequentavam, ao fundo do estabelecimento, há uma porta contígua à petshop vizinha, também propriedade do dono do buteco. Passaram a fazer o caminho inverso : com o buteco fechado pelas regras do isolamento social, os amigos entravam pelas portas da petshop e acessavam o interior do bar pela porta dos fundos da loja.
E depois dizem que o brasileiro é acomodado e conformista. Nada disso. O brasileiro é, sim, um povo que inova e empreende. A confusão se dá porque o empreendedorismo do brasileiro não é feito com o objetivo de torná-lo milionário, de fazê-lo figurar na capa da Forbes. É empreendedorismo mais modesto - porém, como visto, não menos genial -, é tão-somente para lhe suprir o básico. Uma vez satisfeitas as suas mínimas condições de sobrevivência, ele não segue em frente, não tem grandes ambições. 
Denúncias da vizinhança moralista, rançosa e recalcada, no entanto, acabaram com a festa dos amigos que tomavam da água que cachorrinho de madame não bebe.
A fiscalização da Prefeitura de Petrópolis, como diria Bezerra da Silva, deu o bote perfeito e levou todos eles para averiguação. Deu o flagra no dono do bar/petshop e nos 16 bebuns que por lá estavam a esquecer um pouco da vida. O dono foi multado em R$ 800,00 e os clientes foram obrigados a voltar para as suas casas; há relatos não oficiais de que alguns deles, que estavam com a sogra a visitá-los, tentaram subornar a fiscalização, imploraram de joelhos para deixá-los ficar no buteco.
Abaixo, uma tirinha com a sequência do flagrante. A entrada do petshop, o fiscal achando a porta dos fundos e os bebuns no balcão.
Mas a ideia dos amigos e do dono do petbar pode não ter sido assim tão original. Eles podem ter se inspirado em um episódio do seriado Os Simpons, em que Moe, impedido de abrir o seu estabelecimento por conta de uma lei seca que se abateu sobre Springfield , lançou mão deste mesmo subterfúgio e transformou a Taverna do Moe em a Petshop do Moe.
Se ideia original ou plágio com a melhor das boas intenções, pouco importa; o cerveja-feira de hoje vai para este grupo de amigos petropolenses e para o visionário dono do petbar.

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2 Comentários

  1. Estranhei o "atraso" do post, ou melhor dizendo, a demora.

    Isso me lembra de minhas próprias peripécias para poder tomar umas em paz no meu quarto, na casa da minha família, muito antes das APAs, IPAs e afins...

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  2. Eu também já tive que improvisar para poder tomar umas quando morava com minha mãe. Hoje em dia, ela está bem mais tranquila, meu pai pode ter sempre a cervejinha dele na geladeira, ou o Cinzano no armário, mas há trinta anos,ela era totalmente intransigente em relação à bebida alcoólica em casa. Eu mantinha sempre uma garrafa de vodka escondida no maleiro em cima do guarda-roupas, atrás de pilhas e mais pilhas de gibi, e quando eu ia sair para algum lugar, alguma festa, sempre tomava umas doses para já ir meio calibrado.

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