Planetários da Sarjeta

Os buracos no asfalto,
No pavimento público,
São algozes de suspensões,
De amortecedores dos automóveis
E de todos os motorizados.

Ciborgues,
Centauros,
Meio máquinas,
Meio humanos,
Meio cavalos de força
Os amaldiçoam
Praguejam e pedem o impeachment do prefeito que não os tapou,
Que não lhes pôs amálgama de pedriscos e breu na cárie.

Pois eu digo :
Que se fodam as suspensões,
Que se fodam os amortecedores,
Que se fodam os meio ciborgues-humanos
Os meio máquinas-centauros,
Que se fodam os motoristas em geral.

Os buracos no asfalto,
Para mim,
Quando a chuva sacia a sede deles,
Quando abastece seus vazios e suas erosões,
Tornam-se em espelhos do firmamento,
Em chãos de estrelas,
Em planetários para os bêbados que dormem nas sarjetas.

Postar um comentário

0 Comentários